A verdade em Política
A necessidade extrema do Sr. PR ajudar Ferreira Leite a estruturar o seu campo de comunicação político, fazendo até da líder da oposição uma nova categoria de porta-vox de Belém (em que Leite denunciava conversas privadas na esfera pública) - aliado ao psicodrama em torno do Estatuto dos Açores (esquecendo-se da miserável democracia imposta na Madeira) fez com que Cavaco se colocasse naquela delicada situação em que hoje duvidamos do orador, mais do que das suas palavras. Cinicamente, Voltaire dizia que adquirimos a linguagem para ocultar o pensamento, talvez porque a verdade raramente é pura e nunca é simples. Contudo, o carácter problemático de 2009 impõe que Belém regresse ao statu quo ante para engrenar naquela que foi a sua bandeira de campanha presidencial: a cooperação estratégica, ainda que seja uma fórmula vã, impondo ao Governo que seja ele a ter de resolver todos os problemas sociais e económicos do País. Numa palavra: o PR em 2009 tem uma forma de funcionalizar essa tal cooperação estratégica agendando as eleições segundo o critério mais realista e conveniente para o País. E fazer isso é assumir que o pacote das legislativas com as autárquicas pode ser autofágico. Também aqui Belém terá que ter cuidado para que as suas acções, por acção ou omissão, não sejam interpretadas como estando a ajudar o seu tradicional campo político dando mais uma "mãozinha" ao elo mais fraco do sistema politico-partidário português representado na srª Ferreira Feite.
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