segunda-feira

Manuel Alegre agitou o País: um modelo de empowerment

A resistência passiva de Manuel Alegre, embora sempre mais efusivo do que Gandhi, tem vindo a colocar o País em confronto consigo próprio: na Educação as coisas precisam de ajustamentos, Manuel Alegre deu o grito; no Código de Trabalho havia que humanizar as relações com as empresas, Alegre também deu um grito. Em questões várias e de estilo com que não concorda, o poeta está lá a marcar a diferença. Nuns casos sózinho, noutros com uma esquerda que, afinal, ele não entende ou conhece. Mais recentemente, e de forma sui generis, Alegre responsabilizou Cavaco pelo modelo económico que conduziu a um certo neoliberalismo em Portugal - cujos efeitos dessa globalização predatória - há que atenuar. No fundo, Alegre tem sido o travão útil aos excessos do PS. Em Fevereiro haverá novo Congresso, e pela preocupação persistente que o deputado Manuel Alegre tem tido na tentativa de identificação das melhores fórmulas e soluções para se governar o país - é de crer, para se ser coerente, que a sua intervenção será escutada com atenção. Afinal, Manuel Alegre até tem prestado bons serviços ao País e também ao PS. Pelo caminho, deu mais poder aos cidadãos, tornando-os também mais vigilantes. Ainda que Alegre pensasse que o caminho seria um, o peso maior das circunstâncias acaba sempre por ditar qual é, de facto, a trajectória. As circunstâncias são assim uma espécie de destino, mas em avulso...