quarta-feira

Direita e direitas em Portugal: uma terra de restolhos

Ontem o País assistiu na Sic um homem do calibre de Diogo Freitas do Amaral, um homem do centro-direita, estruturalmente democrata e europeista (ao contrário de Paulo Portas) tecendo um conjunto de considerações acerca dos factóides que, já há muito se percebeu, visam tão somente assassinar políticamente ao PM em funções. Por razões várias, da oposição em bloco à corporação da majistratura (e às fugas de informação que esta produz cirúrgicamente), todos lhe têm um ódio de morte. Isso não é novidade para ninguém.
Na base desse ódio político (e pessoal) radicam dois aspectos: o impulso reformista de Sócrates (que beneficia a sociedade no seu conjunto, ainda que tire privilégios às corporações) e um certo estilo impositivo que tem - que lhe permite não perder os debates da AR. Por isso, foi curioso ver Freitas do Amaral a discorrer sobre a impossibilidade legal e política que levaria o PM a ter uma conduta ilícita nesse processo (à luz dos factos actualmente disponíveis). Mas é óbvio que a oposição irá explorar isso até às eleições, por isso lhe interessa que o processo se arraste para que o pântano não só se instale como crie raízes - e a oposição em bloco daí tire os devidos dividendos.
Ainda hoje no Parlamento, à última da hora, Louçã - colocou a questão dos actos de gestão (corrente) que era suposto os governos (todos eles) terem em fim de mandato. Desconhecendo Louçã que foi Durão Barroso quem assinou do dito Decreto-lei, aliás bem explicado ontem pelo prof. Freitas do Amaral. Mas aqui o ponto é de honra, dignidade e bom nome - ligado à presunção da inocência. E nesse contexto, à luz dos factos hoje disponíveis - não estou a ver essa figura eminente e senatorial como é Freitas do Amaral, empenhar-se nessa solidariedade se todos nós não suspeitássemos já de que se trata duma tentativa de condicionar a acção política do PM num ano eleitoral. À semelhança, de resto, do que foi feito em 2005 - também ano eleitoral.
Mas Freitas do Amaral, que não recebeu luvas (para prestar aquelas declarações na SIC) nem espera voltar a ser ministro, lá foi à SIC e deu a lição que tinha a dar, e fê-lo em várias frentes com a habitual categoria.
Algo que um ex-ministro do ditador Salazar, na imagem supra, jamais seria capaz de fazer pelo actual presidente do cds, Paulo portas, se, porventura este lhe solicitasse a testemunhar publicamente sobre a sua honorabilidade no caso dos sobreiros, dos submarinos ou conexos... Aqui, só em fotocópias, a despesa foi imensa para a República.
Isto revela a qualidade dos homens e a categoria com que estão na esfera pública. E distingue, também, um centro direita (que admite publicamente coligações à esquerda e à direita) duma certa direita caceteira e dos interesses que pouca ou nenhuma falta faz em Portugal e ao sistema político.
Ainda que hoje o CDS seja o partido-smart, um partido de prestação de serviços que ora passa recibos verdes ao PSD ora os passaria ao PS - caso fosse convidado a formar governo em função duma (hipotética) e extremosa necessidade post-eleitoral que se colocaria ao PS no quadro das próximas legislativas.