quarta-feira

Diogo Freitas do Amaral na SIC.N desmonta a campanha-negra contra Sócrates

Freitas do Amaral mostra-se perplexo com a campanha negra baseada no Freeport (adormecido desde 2005) agora dirigida contra Sócrates, e perguntou-se porquê: terá a oposição medo de perder as eleições?
A evocação da regra que postula o princípio da presunção da inocência - que remonta à Revolução Francesa - e que deve ser salvaguardado em todos os casos - não até prova em contrário - mas até trânsito em julgado - também merece nota positiva e vai ao encontro do bom nome das pessoas. Sejam elas trolhas, administradores ou órgãos de soberania.
O tal Decreto-lei - que suscita dúvidas - foi assinado por Durão Barroso (então PM), promulgado por Sampaio (então PR) - será, questiona (irónicamente) Freitas do Amaral - que estes dois titulares de órgãos de soberania também receberam luvas?!
Qualquer português médio consegue perceber que - a haver algumas "luvas" elas terão sido para alimentar outras pessoas/agentes que se intrometeram no processo de forma oportunística e, alegadamente, abusando de alguns laços familiares (que têm e devem ser apurados). Quanto ao mais - pela forma como as notícias aparecem ventiladas a conta-gotas por certos meios de comunicação social, e por uma majistratura que além de lenta, permite fugas de informação no seu seio - nutre também um "ódio de morte" ao PM - por este - no plano governamental - lhes ter tirado os privilégios e mordomias. De resto, a justiça que temos é o maior handicap do País, a ela se deve grande parte do nosso atraso económico.
Mas o mais interessante é que Freitas do Amaral, em duas penadas, e evocando o grande economista do séc. XX - John Maynard Keynes - explica que em períodos de recessão é, precisamente, quando o Estado deve investir para pôr os tais efeitos multiplicadores da economia a gerar riqueza. Dando o "pontapé-de -saída" - arrasta os privados - com quem depois faz parcerias - a fim de alavancar a economia, trazer a confiança ao jogo económico e aos mercados, permitir o consumo interno e estabilizar o sistema financeiro - para que as empresas e as pessoas singulares não fiquem penduradas.
Pelos vistos, só Ferreira leite é que não consegue entender estes mecanismos. Não é de estranhar, dado que a srª pouca coisa consegue perceber... Era assim nas pastas da Educação e das Finanças - com quem Freitas então tratava - e aproveitou a sua boa prestação à Sic - para falar das magras qualidades intelectuais de Leite.
De resto, é essa política económica que Gordon Brown está a implementar no RU e Barack Obama nos EUA.
Depois Freitas do Amaral teve mais esta tirada que é sintomática: de Sócrates já nós sabemos do que ele é capaz - é determinado e reformista e não teve receio de enfrentar as corporações; de Ferreira leite não se sabe o que pensa nas mais diversas políticas sectoriais: Agricultura, Saúde, Energias, Transportes, etc.. Enfim, foi mais uma forma (a 2ª) que Freitas encontrou para chamar "burrinha" a Ferreira leite. Convenhamos que o PSD merecia uma coisa melhor. Afinal, estamos a falar da alternativa política ao PS, e não de jogos florais ou de gastronomia da Lapa e de bacalhau espiritual.
De Obama Freitas disse o que se esperava: "é um animal político" - ainda pensei que se referisse a Soares e fizesse recuar o tempo e a história, mas esteve bem em reconhecer a tentativa de resolução da delicada questão de Guantánamo (que António Vitorino ontem colocou na ordem do dia, ajudando até o nosso MNE/Luís Amado - a consubstanciar uma linha de acção em matéria de política externa com os EUA e a Europa) - que põe em destaque a segurança comum, v.q., o terrorismo é hoje um problema global e não conhece fronteiras. Logo, o encerramento de Guantánamo em Cuba, a proibição da tortura e dos métodos que a assistem (como ontem sistematizou António Vitorino no Notas Soltas na RTP) revelam um Obama corajoso e reformista e com vontade de normalizar as relações com o Irão (e outros países do "eixo-do-mal").
Numa palavra: sempre que Freitas do Amaral dá entrevistas revela a categoria da sua personalidade, o método racional e cartesiano da sua exposição, uma grande leitura e articulação dos factos políticos e, porque não dizê-lo, uma bela sistematização da história das ideias políticas, do direito público, da ciência política e até da teoria do pensamento económico - com aquela pertinente evocação de Keynes (e até aos fouthing fathers do constitucionalismo norte-americano). Pois ninguém estaria à espera que com esta conjuntura de recessão global fosse desenterrar Joseph Shumpeter ou Milton Friedman, embora também houvesse espaço para eles.
Ver e ouvir Freitas do Amaral, com excepção dos invejosos do seu próprio partido que o tentaram silenciar (primeiro) e aniquilar (depois) no Largo do Caldas (indo ao ponto de subtraírem o seu quadro das paredes da sede do partido - enviando-o para o Largo do Rato - quando integrou o Governo Sócrates) - e neste role está o maior egocêntrico da política em Portugal (Paulinho das feiras - que dispõe do cds como o Al berto da Madeira dispõe da ilha - ver o artigo no El País, aqui) - é sempre um regresso ao pensamento do que somos, às raízes da natureza e condição humana.
E quando isso ocorre - e ligados certos aspectos entre si, percebemos que esse "bicho homem", em determinados contextos (como o de campanhas eleitorais, por exemplo), é das coisas mais velhacas e nojentas que existem ao cimo da terra, especialmente porque ele é o único ser capaz de matar o outro conhecendo exactamente o significado da sua acção antecipadamente.
Freitas do Amaral revelou hoje aquilo que sempre foi na sua vida pública: coerente, estruturado, excepcionalmente inteligente e culto e também um político com dimensão de estadista. Paulo Portas ao pé de Freitas do Amaral faz-me lembrar a madrinha do António Preto, Ferreira leite - ao pé de José Sócrates - em todas aquelas valências e dimensões.
Numa palavra: o prof. Diogo Freitas do Amaral é um senhor com muita categoria.

Adenda:

Aqui Mário Crespo entrevista Pedro Silva Pereira, Ministro da Presidência. E a entrevista é interessante porque do lado de Pedro Silva Pereira ela é esclarecedora, do lado do jornalista Mário Crespo - é o reflexo do pior jornalismo que já vi na vida, ou seja, de um jornalismo-pelintra - baseado em factóides - e em imprecisões lamentáveis de Mário Crespo. Estou até convencido que quando Crespo revir a sua própria prestação só terá de fazer duas coisas: não chamar jornalismo aquilo e limpar as mãos à cara. Desta vez, prestou um péssimo serviço não só ao esclarecimento do caso Freeport (com perguntas tendenciosas e desnorteadas acerca do tio e do sobrinho), como também à própria circunstância de ser jornalista.

Num dos takes da entrevista foi visível a perda de racionalidade de Mário Crespo - revelando ser trapalhão. Crespo chegou mesmo a ser ridículo e caricato. Vejam e tirem as vossas conclusões.

Adenda 2:

Confesso que após ver o Mário Crespo em operações naquilo que ele supõe ser jornalismo (com enunciados tendenciosos e pré-defenidos para que as respostas do entrevistado fossem ao encontro das suas suposições-macacas) - fiquei com vontade de lhe pedir para entrevistar o pessoal desta modernaça fábrica de automóveis. Talvez pudesse afinar algumas peças ainda bastante desalinhadas. Seguido de um mês de estágio na revista "Caras".

Building East German Cars