quinta-feira

2009 - o Ano da mentira. O ano Borda d' Água

Regressamos ao tema da vaca fria, ou seja, da mentira e à importância crescente que ela terá no mercado político deste ano de 2009. Um tempo de eleições, de representações, de promessas, de receios e de muitas simulações e dissimulações: com uns a tentarem mostrar que valem mais do que na verdade valem, e outros tentando passar pelos intervalos da chuva, mas com a habitual discrição e eficácia. O tempo do teatro encenado em directo na própria vida está aí e tem nome: 2009.
O Ano das análises e dos analistas. Será, pois, um Ano Borda d´Água, como defendemos recentemente noutra reflexão.
Portanto, queiramos ou não, gostemos ou desgostemos, todos hoje vivemos na antecâmara dessa sociedade da mentira. Uma sociedade povoada de gente crédula, pois sem ela também não haveria lugar para a mentira. E é sobre esta gente crédula - que alguns irão por a correr - forjando ou inventando - as mentiras do costume, próprias de um ano de eleições, também como de costume.
Por isso, não nos devemos admirar se todos os dias alguém jogar na estrada da sociedade uma mentira, e às vezes duas e três. Aos fins de semana, serão às dúzias, como os ovos. Nuns casos aparecerá Portas - com o seu "partido-smart" a inventar mentiras políticas para apavorar e imprimir algum terror na sociedade. Irá dizer que os lares irão fechar, a segurança social está falida e coisas do género. Tudo ao seu estilo.
Louçã, do BE, seguirá o mesmo trilho, mas do outro lado do espectro político, dobrando a ideologia do ataque. Greves nos hospitais, nas cozinhas do Ritz e no hotel Meredien irão elencar as suas mentirinhas de 2009. Estou até desconfiado que Louçã encomendará uma greve de solidariedade ao PS por agora apoiar os casamentos homosexuais. Talvez Portas siga aqui Louçã, mas em privado e sem câmaras de tv por perto. Ele há coisas que só em privado.
Como a mentira irá pulular por aí, é natural que os pequenos espiões proliferem na Corte, nas várias cortes da capital. Desde a Junqueira ao Martinho da Arcada, de S. Bento a todas as sedes partidárias - perpassando por tudo que é organização cívica só aparentemente desvinculada de qualquer interesse. Porque todos têm a ganhar, e todos têm a perder. Até os intelectuais querem ver vingadas as suas teses.
Nestes casos por capricho e egocentrismo, noutros por mera má fé e maldade congénita. A academia - com os seus catadráticos a pontificar - é muito pródiga nestes recalcamentos mal resolvidos - que depois se espraiam nos artigos e nas reflexões e verborreias nos locais habituais.
Portanto, franquear para suscitar ideias e propalar banalidades com vista a facilitar a invenção dos embustes políticos, será a regra. E até o Governo, por ser o principal órgão que dirige a política geral no País - deverá fazer um esforço (kantiano) de contenção para não prometer o Paraíso na terra, se o fizer será mais respeitado e até terá mais votos.
Mas além das mentiras públicas, ditas abertamente, outras haverá em que é mister propalar em surdina e com muita cautela. Ora, a sociedade dos crédulos, dos benfeitores terá de ter especial atenção com este Comité especial da mentira, uma espécie de Conselho Privado de todas as oposições que, desejosas de demandarem o poder (desalojando os que lá estão), não hesitaram em lançar as mais hábeis mentiras para o ventre da sociedade.
O ano de 2009 será o Ano das Mentiras. Portanto, será também o ano dos analistas e das grandes análises.
Será um tempo em que muitos de nós gastarão o seu tempo a explicar por que razão aquilo que se defendeu não aconteceu.
Será um Ano Borda d' Água.