domingo

António Lobo Antunes lança críticas: "os livros em Portugal são indecentemente caros"

in Expresso
"Quando há dois anos estive muito doente, recebi sete, oito mil cartas e a maior parte eram do Porto. Isso é uma coisa que nunca poderei pagar", explicou.
O autor falou sobre a sua doença, a morte, a escrita, a cultura, a guerra, o preço dos livros, entre outros temas. Disse por exemplo que os governos pouco têm feito pela cultura desde o 25 de Abril de 1974.
"Quem tem trabalhado com a cultura são as autarquias e são fundações" como aquela a que está ligado o Clube Literário do Porto, a Fundação Dr. Luís de Araújo, defendeu.
Como autor, o que o move é "tentar colocar em palavras o que por definição é impossível contar em palavras, como as emoções ou os impulsos". Lobo Antunes evocou Ernesto Melo Antunes, que foi um dos ideólogos do 25 de Abril e morreu há nove anos, tendo mantido com ele uma grande amizade.
"A morte de um amigo é uma coisa irreparável", resumiu, para depois acrescentar que "o que aparece nos livros são estas coisas todas, ou seja, a vida".
"Os portugueses vivem tão mal e os livros são tão indecentemente caros!", criticou, em seguida, frisando que "que quem lê não são as classes altas, é a classe média baixa, como se pode observar nas feiras do livro".
O presidente da Fundação Dr. Luís de Araújo, Augusto Morais, ofereceu a Lobo Antunes um elefante prateado, que definiu como sendo "uma provocação à memória" do escritor. [...]
Obs: É curioso que da história dos assaltos nenhuma notícia ainda deu conta que andam a roubar livros. Só se assaltam moradias, carrinhas de valor, bancos, carjacking, ourivesarias...
Até aqui as livrarias são os parentes pobres dos assaltos. Como diria António Lobo Antunes, os assaltantes são pessoas de classe social média-baixa, como os leitores. No dia em que os leitores integrarem a classe A - então aí o preço dos livros baixará.
E eu a pensar que eram os accionistas de bancos e administradores e até ex-presidentes dos Conselhos de Administração que concediam empréstimos e perdões aos próprios filhos, como era apanágio de um banqueiro compulsivamente reformado. O mesmo que nas décadas de 80 e 90 proibia que as mulheres fossem funcionárias do bcp porque ao parirem tinham direito a férias que o opus-banco do eng. Jorge Jardim Gonçalves, que viu a sua reputação na lama depois de décadas de trabalho na causa da prelatura financeira, não lhes queria dar.
Ficava caro, mas já não fica caro pagar 70 e 80 mil euros/mês a uma administrador...
Estou convencido que quando se começar a assaltar livrarias em Portugal o preço dos livros baixará.
Até lá os assaltantes serão os analfabetos do costume.