Um ciber-agradecimento incluído na casa dos 1%
Imagem picada no Absorto de Eduardo Graça, a quem agradeço a amável referência. Mas a blogosfera é, infelizmente, ainda um lugar do vazio e da falta de alguma regulação e de tremenda desonestidade entre as pessoas. No fundo, uma extensão da sociedade de carne e osso que todos conhecemos, para o melhor e para o pior. Apesar disso, sou dos que creio que "alguma blogosfera" é a ferramenta mais madura (e reflexiva) da Web. Aqui se fazem análises sociais, políticas e culturais que não vemos na mediacracia tradicional (e quase em tempo real e sem rede), a mesma que já passou a contar com a mediasfera - posto que não mais a pode ignorar. Sou dos que creio que a blogosfera, alguma dela evidentemente (não vou quantificar, porque seria incorrer no mesmo erro do gúru Pacheco, nem sequer existem estudos que o permitam fazer...) é também um espaço de interacção intelectual onde se fazem amigos, adversários, nutrem amores e pequenos odiosinhos e muita, muita republica de citações que esbarra no maior oportunismo e cinismo. Mas não é isso precisamente o que fazem certos directores de pasquins enfeudados a grupos empresariais a quem devem obediência?! Revelando uma execrável falta de deontologia, além dum péssimo gosto na formulação das manchetes... Quantos de nós não já o sentimos?! Em função daquilo que pensamos e escrevemos diáriamente, de raiz... Por isso, quando no outro dia António Costa se reportou à blogosfera como "submundo" ... confesso que não apreciei. Mas convém referir a nuance, Costa reportava-se a um blog que tinha, por lapso, cometido uma incorrecção relativamente a uns azuleijos numa estação do Metro, em Lisboa. Blog esse que depois se retratou publicamente e acabou por pedir desculpa formal à autora que produziu os tais azuleijos, Maria Keil. Ora, foi nesse preciso contexto, segundo me recordo do que vi e ouvi de AC nesse tal programa da QC na Sic/n. - que a expressão, ainda que infeliz, teve lugar. O seu erro ou lapso, creio, foi ter generalizado e ter metido todos no mesmo saco. Mas, lá está.., eu não me deixei meter porque seu quem sou, o que escrevo e, portanto, não me senti visado. Ou seja, não me vitimisei por força dum lapso dito em directo. Outros, contudo, assim não entenderam e sentiram-se visados. Dou um exemplo de um espaço de reflexão que vou consultando e que me merece respeito: a Barbearia do Senhor Luís de LNT. Certamente que estamos d' acordo que a expressão submundo não foi feliz, mas eu não creio - do que conheço do que leio de LNT que ele, na realidade, se tenha sentido visado pela expressão porque, em rigor, aquela expressão só atinge verdadeiramente aqueles autores de blogues que são pouco rigorosos, não conseguem fazer uma leitura global e sustentada do nosso mundo, vivem de tricas, alimentam conflitos estéreis, em suma, nenhum valor acrescentado trazem para a rede das redes onde todos, bem ou mal, melhor ou pior, navegamos. Quantas vezes eu próprio não fui abalrroado da lista de blogues só porque alguém desgosta do modo como penso ou escrevo, quantas vezes não somos lidos e relidos e depois nunca referidos, com a agravante de vermos mais tarde argumentos que tivemos de raiz plagiados sem o menor respeito?! Muitos de nós certamente, já sentiram isso. Isso, para mim, é que é o submundo... Uma mão obscura que esconde um trabalho intelectual que tivémos, e a única recompensa foi termos sido ofuscados por alguém sem crédito, sem identidade, sem escrúpulos. Eis o conjunto de notas que, a pretexto da amabilidade de Eduardo Graça (Absorto) e, por extensão LNT da (Barbearia do senhor Luís) já mencionados - aqui partilho, na certeza de que ambos aproveitaram para adicionar, corrigir ou criticar aqui algumas destas notas e, ao mesmo tempo, equacionar de que forma a tão falada REGULAÇÃO da blogosfera poderia funcionar para disciplinar algum desse verdadeiro "sub-mundo" - que infelizmente campeia no ciber-espaço: o tal que plagia, injuria, difama, mente, falseia, intriga, em rigor, tem má qualidade, não é senão uma erva daninha entre interessantes espaços de reflexão e configura, se quisermos retomar a terminologia cavaquista (por refª a santana que parece estar na calha para Lisboa pelo psd) a tal "má moeda..." Hoje, e estou certo que quer o Eduardo Graça quer o LNT sabem disto tão bem ou melhor do que eu, a luta política, intelectual, social e até no plano mais vasto que é a cultura (e a civilização) não se faz mais entre a direita e esquerda, conceitos disfuncionalizados pela mudança social dos últimos 20/30 anos, mas entre o que se passa na tv (foi lá que o LNT se sentiu visado pela expressão infeliz de AC, e sem razão!!!, porque ele não integra objectivamente os tais 99% que o "outro" codificou), o risoma - que, em conjunto, nos dão a todos uma informação muito mais completa e que hoje todos podem gerir e alimentar. Não é por alguém dizer que todos os advogados são uns vigaristas para um deles em particular se sentir visado, e o mesmo se diga dos médicos, dos majistrados, dos professores e por aí fora. Mas é óbvio que isto não absolve a expressão infeliz, mas esse é também um dos perigos dos directos on tv, na blogosfera quando se comete um erro poderemos emendá-lo depois... Enfim, esta foi a maneira que achei mais interessante para retribuir ao Absorto de Eduardo Graça e, de caminho, desafiar o LNT da Barbearia a pensar em conjunto acerca do melhor modo de REGULAR a blogosfera, se é que isso é possível, posto que vivemos num mundo em que essa mesma REGULAÇÃO é proclamada na vida real, mas com os resultados que todos conhecemos...
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