quinta-feira

Diogo Freitas do Amaral é perseguido pela história... Que maldade.

[...] Várias cartas do exílio de Caetano no Brasil vão a leilão, in DN
"Querido António", "caro António". Marcelo Caetano manteve durante vários anos uma correspondência regular com um jovem adulto, de direita, e com a sua mãe. Com o filho, Caetano discorre sobre a política e a sua mágoa com o país, com os partidos de direita - omnipresente nas cartas é o "desgosto" com o seu antigo discípulo Freitas do Amaral, então líder do CDS, referido imensas vezes.
"O Diogo era devoto de Salazar, amigo do presidente Tomás, de quem um tio era ajudante, ao ponto de ir preparar os seus exames para o Palácio de Belém! A revolução dos cravos foi sobretudo a derrocada do carácter dos portugueses. Que homem!" A carta em que Marcelo Caetano fala assim do seu antigo discípulo, Diogo Freitas do Amaral, é escrita a 13 de Abril de 1977, nove meses antes de o então presidente do CDS assinar o acordo com o PS de Mário Soares para o Governo. [...]
Obs: Salvaguardadas as devidas distâncias e background, hoje, no 1º quartel do séc. XXI, vemos pessoas como Bernardino soares, Jerónimo de Sousa defenderem os ideais comunistas com base no ideário cubano e norte-coreano. Atendendo ao tempo e ao modo em que estas coisas se sucedem na linha do tempo, devemos dar graças a Deus por ver um Freitas - que soube evoluir a tempo e descolar duma concepção de democracia corporativa (a de Marcello Caetano, de quem era discípulo na Faculdade de Direito) para uma democracia pluralista então emergente. Portanto, entre o evolucionismo doutrinal de Freitas e a ortodoxia antipersonalista dos actuais dirigentes do PCP, um dos partidos mais retrógrados do mundo, é óbvio que teremos de dar os parabéns a Freitas do Amaral - que em devido tempo (também) soube distanciar-se de um CDS demopopulista e antieuropeista de Paulo Portas que não reza à história. Mas o mais curioso da história seria assinalar o seguinte, caso amanhã o regime sofresse uma qualquer inversão e a democracia fosse posta em causa para dar lugar a um regime mais musculado próximo da ditadura. Se assim fosse, alguns dos restolhos que andam por aí a passear a sua senilidade nos corredores da RTP, seriam os primeiros a aplaudir e a mudar de campo para apoiar a ordem velha.
Neste role de cínicos da política teria lugar o douto Adriano Moreia e, se calhar, o prof. Veiga Simão - autor duma importante reforma na área da Educação.
Regressando ao PCP: foi pena o doutor Luís de Sá ter partido na flôr da idade, pois ele era o rosto da esperança reformista num PCP moderno e renovado - que hoje não dissesse as barbaridades que se conhecem da boca de Jerónimo e de Bernardino.
Nem Fidel Castro faria pior...