Pacheco´s decadence. A queda do intelectual-jornalista-gúru-de-partido
Se tivesse que arrumar conceptualmente Pacheco Pereira não lhe chamaria um social-democrata com um passado maoista com tiques sectários, mas um intelectual mediático que trata por tu os jornalistas e as câmaras de tv onde, de resto, tem construído a sua imagem pública. Quando é chamado a intervir históricamente, ou no plano sociológico, onde a política partidária esteja ausente, as suas prestações comportam uma mensagem útil, pedagógica revelando estudo, sistematização de pensamento e considerável capacidade de análise relativamente aos grandes fenómenos societários do nosso tempo. O problema é que esses momentos são cada vez mais raros na vida de Pacheco, que ora se transformou numa espécie de padre de confessionário da Lapa - cuja líder, Ferreira Leite - acabou por o destronar elegendo Santana Lopes para concorrer pelo PSD nas próximas autárquicas em Lisboa. Foi um rude golpe para o gúru-Pacheco, que ainda cortará a barba só para se vingar e construir um novo look e partir para outra. Leite não teve opção: Santana era o menos mau dos candidatos disponíveis, por isso mandou avançar o primo. Por outro lado, Leite vê-se livre de um mono que lhe fazia alguma espécie, indo a eleições e perdendo para António Costa - Leite despacha definitivamente Santana para o estaleiro da política, apesar de ela própria não passar dos taipais desse mesmo estaleiro. Ficam, portanto, os dois no estaleiro. Resta a Pacheco publicar mais um ensaio que se converta num best-seller e depois andar por aí a fazer concorrência ao Marques Mendes - que passou a querer moralizar a vida pública nacional quando ele próprio consentia que deputados corruptos no seio do psd, como o caso do António preto, continuassem instalados na AR só porque as cotas do seu PSD precisavam ser liquidadas. A moralidade de MMendes é, de facto, um mimo, tem dias e varia com as circunstâncias. Por isso, boa parte das medidas contidas no seu livro são, em rigor, para inglês ver. Enquanto líder do PSD nem 1/3 das medidas que alí defende ou profetiza conseguiu adoptar. A essa sopa da pedra o actual administrador de energias renováveis chama Mudar de Vida. Com sorte ainda veremos PPereira abandonar o PSD, convencer o engº Belmiro de que o pasquim da Sonae dirigido por um mau jornalista como é José Fernandes conduz ao mesmo destino do que a perda de valor das suas acções em bolsa. Belmiro vê-se livre do mau jornalista e contrata PPereira para dirigir o Público, a partir do qual começará a fazer a verdadeira oposição construtiva ao Poder em funções. Se este cenário colher fundamento Pacheco ainda terá de dar graças a deus pela Manela ter escolhido o bode expiatório do Santana que será (de novo) sacrificado no Verão de 2009. Até lá o engº Belmiro de Azevedo não só perde mais uns milhões em bolsa, para satisfação dos pobres e dos concorrentes invejosos - como também perderá milhares de leitores do Público pelo mau jornalismo protagonizado por alguém que nem manchetes sabe fazer. Estranho mundo este em que a salvação do PSD para Lisboa vê em Santana o profeta e o pasquim da sonae - ou o "blog não não oficial de Belmiro", como lhe chama O jumento - só parece ter solução à vista com a substituição de um mau jornalista por um intelectual-mediático acabado de ser dispensado pela governanta da Moviflôr da Lapa.
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