quinta-feira

O Miguel Sousa Tavares é um prematuro

Luís Faustino
Miguel Sousa Tavares abandona reunião municipal
Miguel Sousa Tavares abandonou a reunião do executivo municipal onde se discute o alargamento do terminal dos contentores de Alcântara. "Não vim aqui para assistir a uma sessão de propaganda do Porto de Lisboa", disse aos jornalistas. O escritor Miguel Sousa Tavares abandonou hoje a reunião do executivo municipal, onde se dicutiu o alargamento do terminal dos contentores de Alcântara.
"Não vim aqui para assistir a uma sessão de propaganda do Porto de Lisboa", disse aos jornalistas depois de ter abandonado a sala na altura em que Manuel Frasquilho, presidente da administração do Porto de Lisboa, começou a apresentar o projecto.
Em frente aos Paços do Concelho, local onde decorre a reunião, membros do sindicato dos Estivadores manifestaram-se e acusaram o movimento cívico, que contesta a expansão do terminal, de ignorar o "impacto social e financeiro" do projecto e da actividade do Porto de Lisboa.
Miguel Sousa Tavares pertence à associação cívica que está contra o projecto, o que fez com que fosse insultado à entrada pelos estivadores.
À saída, Sousa Tavares reconheceu aos jornalistas que aguardava escolta policial para abandonar o edifício. , in Expresso.
Obs: Imagine-se que Miguel Sousa Tavares começava a apresentar o seu próximo romance na Fnax de Freixo de Espada à Cinta (daqueles a que Vasco Pulido Valente classifica da forma que conhecemos..) e, no preciso momento em que começa a falar todos os seus convidados abandonam a sala. Inclusive o editor. E até alguém da casa apaga a luz, sob pretexto de que a crise impõe poupanças energéticas draconianas. O Miguel ficaria, assim, às escuras. Assim ao estilo do PCP quando a direita no hemiciclo apresenta um projecto de lei mais ousado. O que pensaria o Miguel dos seus próprios convidados?! Bem não seria, certamente. Isto na forma.
Desde logo, por razões de educação. Ainda que possam existir razões estéticas ou paisagísticas (ou outras) que colidam com a competitividade económica conexas à necessária modernização do Porto de Lisboa, sob pena de muitos dos fluxos económicos se perderem para outros portos. Governar é tramado. Sempre foi mais difícil do que escrever um romance.
Mas o Miguel não é um player qualquer: é um escritor com imensa influência que quer vir a ser recordado como um clássico, sobretudo ao nível dos seus leitores mais resistentes.
Eu, confesso, leio alguns dos seus artigos com gosto, os seus livros nada me dizem.
Mas a sua posição faz-me lembrar sempre a daqueles eco-fundamentalistas que se colocam sempre do lado dos gafanhotos com dois rabos, das baleias e dos pássaros de 7 asas em desfavor do desenvolvimento económico que cria riqueza, paga salários, alimenta as pessoas, etc.
O Miguel é um escritor de cruzada. Veremos a quem é que a história irá dar razão, sendo certo que em todos os processos de modernização económica e de mudança social não há inocentes.
Mas poderia ter ouvido algumas explicações, não lhe ficaria mal, e, assim, também não passaria por mal educado na casa que o convidou e recebeu.
Este Miguel é um ingrato, ainda sobe a ministro das paisagens e ordenamento do território. Não existe, mas pode ser criado (nalgum romance) - que depois o Vasco irá comentar..., as usual.