quinta-feira

Fernando Pessoa, again...

Pessoa explica tudo: Caeiro, Campos, Reis, Soares e o mais... Todos eles são um mundo e ninguém. Essa foi a arte: o tudo e nada. A coisa é, aparentemente, simples: todos nós somos o mundo e ninguém. O eu moderno é, cada vez mais isso, essa abrangência-nula do 1000-ao-Zero em 5segundos.
O génio de Pessoa reside nisso: numa antecipação alucinante que multiplicou máscaras sobre o rosto do nosso nada. Actuando asim, não o ocultou nem o reduziu, como sublinhou Eduardo Lourenço, um pessoano dos quatro costados. Contribuindo para fazer brilhar Pessoa com intensidade.
Até um inspector-estagiário da PJ com dois dedos de testa perceberia isso - tratando-se dessas (outras) máscaras usadas por El solitário nos assaltos a bancos. Em Espanha e em Portugal.
De facto, Pessoa, mesmo sem querer, elaborou uma teoria poética que fez incursões na criminologia que hoje pode ajudar a compreender muita coisa ao nível das polícias de investigação. Mais fácilmente se apanha um criminoso se se dominar a teoria da máscara. E uma teoria da máscara explica sempre a génese de dezenas de máscaras.
Sobretudo hoje em que o mundo inteiro anda a representar, desde logo a economia virtual não casa com a economia real.