quinta-feira

Existe algo de "fim de festa" no mês de Setembro a cavalgar o trágico mês de Outubro. Tudo antes de mais um drama: o Natal

Neil Diamond September morning
Setembro assinala a transição do Verão para o Outono, mas com as alterações climáticas - tema do apetite dos ecofundamentalistas do costume - este argumento não pesa mais no cálculo colectivo. A memória de Agosto passado é uma vergonha, mais parecia Março a arrebitar.
Mas agora, agora que o Outubro está a rebentar, como as ondas do mar mais a sua espuma, as praias regressam novamente à solidão do recontro da água com a areia - as suas dunas e falésias mais a lixarada que o homem por lá deitou enquanto se divertiu. Banhistas, só uma 3 e 4ª Idade - e à cautela, não vão os velhos regressarem a pé para casa, porque a ocasião do assalto espreita a cada rebentamento de onda, a cada dissolução de espuma. Em terra, os miúdos regressam à escola, o trânsito monta-se na cidade, a poluição do costume multiplica-se, e a memória do futuro, como quem diz do Natal - espreita cadenciadamente.
Mas os cheiros do tempo novo, empurrados pelas novas brisas, pelo desabrochar de novas flores com as árvores a dar o sinal da sua graça, sendo penteadas pelos funcionários autárquicos - lembram-nos qualquer coisa que evoca o fim de festa, o termo de algo que já não regressa, é como se a luz do sol iluminasse mas, na verdade, ofuscasse mais do que deixa entrever. É um prenúncio de...
O mar é abandonado pelos banhistas do costume, quais formiguinhas que anualmente fazem as suas migrações neste Portugal das praias, a terra densifica-se, mormente nas cidades - arrastando mais e mais problemas e conflitualidade social, num Portugal que é cada vez mais assaltado e multicultural, e ainda bem - senão a nossa taxa de natalidade ainda seria mais deficitária.
Mas desta transição de estação resulta algo de irreversível a quem a perpassa. As brisas do tempo com o Setembro a findar recomendam que se medite no prenúncio. No prenúncio de morte... Nem que seja para se avaliar melhor a vida - que há muito entrou em contagem decrescente, e já sem surpresas de espécie alguma.
Eis a memória de Setembro, que envergonhou o Agosto - que esteve ao nível de Março.