terça-feira

A direita portuguesa hoje não passa duma verruga...

Quando se fala em direita pensa-se inevitavelmente na esquerda. Um pouco como o "rabo e as calças". Ao Estado-previdência desta contrapõe-se o Estado-liberal daquela, mas hoje essas categorias políticas valem tanto na sociedade como Pinto da Costa e Valentim Loureiro no futebol: uma desgraça. A direita de Marcelo, Mendes e Barroso (Santana e Meneses não contam, entraram apenas para incendiar a Lapa e divertir a plebe) prometeram algumas reformas sociais, mas não conseguiram implementar nenhuma; Sócrates apareceu e terraplanou: Bateu nas corporações (médicos, farmaceuticos, pofessores.., por vezes até bateu de mais..) mas tem revelado potencial reformista, e, hoje, como me chama a atenção o ilustre Casanova, o nosso "consultor jurídico para as questões esotéricas", é o mesmo Sócrates que elogia o trabalho de Leonor Beleza, ex-ministra da saúde de Cavaco. (link) Sinais dos tempos...
Tudo isto para explicar uma coisa comesinha: a direita e a esquerda são o que são em função da leve ou forte liderança que tiverem. E as políticas públicas são boas em si - não por serem de direita ou de esquerda, mas por valerem intrínsecamente e serem aplicadas oportunamente no corpo social.
Mas se Sócrates lá tem conseguido governar ante esta crise global, e até consegue captar IDE (Investimento Directo Estrangeiro) de surpresa (a que outros chamam de propaganda...) - Manuela "Azeda" o Leite (como diz um amigo meu) e "Paulinho das Farturas" (que já foi da "laboura", dos submarinos, da agricultura, das fotocópias, dos sobreiros que até conseguiu pôr o cds a receber cotas de pessoas que já haviam morrido, porventura um milagre do B. Espírito Santo S.A) o que são, o que representam?
Vejamos: Leite é uma senhora que julga que sabe de economia e que foi ministra das Finanças. Mas pensamento económica sob aquela testa - zero!!! Então governava como quem andava de taco de basebol na mão, para agradar a Bruxelas, conter o défice orçamental do Barroso e, com isso, conseguiu enforcar o empresariado, que nenhum incentivo fiscal, económico teve para dinamizar a sua actividade e os seus negócios, cada vez mais tributados; Paulo Portas tem-se distinguido em Portugal pelo seguinte: apunhalar os líderes do cds - que entronizou e que, a partir de um certo momento, quis mandar às urtigas. E mandou.
O que hoje pensam dele Manuel Monteiro e Ribeiro e Castro bastam para retratar Portas à saída do Parlamento ou do Largo do Caldas. Já agora, solicite-se questionário à banqueira celeste Cardona... Portas também não sairia favorecido dessa foto-negra que mais parece um banco de crude após um derrame no mal-alto.
Agora a comissão política distrital da JP de Setúbal demitiu-se em bloco, num gesto de solidariedade para com o ex-líder da distrital, Carlos Dantas, e com ele todos os que integravam aquele órgão se demitiram do partido, devolvendo o cartão de militante. Acusando a direcção nacional de não os ouvir e de rejeitar o programa deles na região de Setúbal. Porventura, um programa demasiado à esquerda - para o gostinho de Paulinho das pescas...
Aqui já pouco importa a relação da JP com Paulinho Portas, ou a relação deste com a Juventude Popular, o que urge sublinhar é a forma como esta direita esquizofrénica e polar está na oposição em Portugal: Portas não tem feito mais nada na vida, desde que deixou o jornalismo bárbaro do Indy, que não seja apunhalar os líderes anteriores do cds: apunhalou Manuel Monteiro, depois de o entronizar; apunhalou, desta feita através de um golpe palaciano, Ribeiro e Castro. Eis o legado de Portas, a que se somam o negócio ruinoso dos submarinos e as milhares de fotocópias (docs. do Estado português) que mandou tirar e levou para sua casa, como quem guarda o lenço no bolso.
Este é o estilo da direita que hoje está na oposição. Esta é a forma como se pensa política em Portugal. Leite consegue dizer que "não" e que "sim" simultaneamente à política de investimentos e obras públicas delineada por Sócrates; Portas só fala naquilo que não conseguiu fazer enquanto governante; este governo lá vai fazendo algumas reformas, mormente em matéria social.
No fundo, Ferreira Leite está bem para Portas, porque ambos têm uma visão mesquinha de Portugal: aquela diz que não há dinheiro para nada, supondo que é alterando a afectação de rúbricas no OGE e tirando das obras públicas para injectar no "social" que vai resolver o problema do desemprego e do perfil da economia nacional e da sua competitividade; Portas diz mal de tudo, mesmo das coisas positivas que este governo socialista tem conseguido realizar, pois a sua arte de dizer mal deriva unicamente do facto de não ser mais a entourage do barroso que hoje está no poder na Europa, com o Paulinho Portas à ilharga, que até diz que desconhecia ter sido nomeado ministro da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar, não obstante Santana já lhe ter chamado mentiroso e instado a desmentir esse postiço. De resto, parece que Portas aprecia postiços..., e a cores.
Tudo isto denota bem o estado geral em que esta direitinha se encontra. Uma direitinha fragmentária, odiosa, rancorosa, mesquinha, bota-abaixista, derrotista, incoerente e contraditória, sem visão, sem plano, sem projecto, 100 nada.
Numa palavra: este retrato poderia bem funcionar como o cadastro político comum de Ferreira Leite & Paulo Portas que assim ilustrariam o estado desgraçado a que a direita chegou em Portugal.
Com o azar de o actual PM ter começado a sua vida pública no PSD e, hoje, no PS - quem conhece os constragimentos do País e olha para Portugal desapaixonadamente - sabe que ele está alí para governar, o que o obriga a ser pragmático, o que implica, por sua vez, executar políticas públicas à esquerda e outras à direita, desde que o critério de umas e outras sejam o da racionalidade, eficácia e da satisfação social. Esse é, de resto, o sonho de qualquer PM. Governar bem para todos. Governar não é estar em eleições... Governar é, antes de tudo, prever, depois executar um plano em nome do bem comum.
Se ele conseguir tudo isso com o petróleo do Hugo, do Edu dos Santos e de mais uns agentes "quase-democráticos" deste nosso mundinho - como o Kadafi - (esse "grande democrata" que gostava de abater aviões comerciais com meio milhar de pessoas lá dentro) - então isso significa - que Portugal está a fazer tudo o que for possível para por a economia nacional a mexer. Mas também nós, pessoas distintas dos Estados, temos de continuar a viver com a memória dos nossos mortos.
Beliscando alguns valores e princípios ao nível dos direitos humanos(?), certamente! Mas parece que no estado actual em que a economia nacional, europeia e mundial se encontram - nenhum dos cidadãos come esses valores e princípios à mesa. É a realpolitk a funcionar, em todo o seu esplendor.
A política sempre foi a arte do mais forte, da manha e da astúcia, por vezes entram aí valores e princípios aceitáveis. Mas eu nem quero imaginar o que seria hoje Portugal caso a dona Ferreira Leite e o Paulinho Portas estivessem a governar este barco. Tivémos um teste com Santana, e foi o semestre mais hilariante do post-25 de Abril. Não fora o desastre para a economia nacional e a decadência da autoridade do Estado e os desprestígio das instituições, a coisa até seria hilariante.
Direita, esquerda... Tudo grandes tretas para o Carlos espada, essa mente iluminada das lâmpadas fundidas da Lapa, dar cursos na Católica. Quando o que essa gente deveria fazer era poupar os milhares de euros que sacam aos papás para pagar essas fraudes intelectuais e começassem, de uma vez por todas, a ler a Bíblia.
Talvez aí se começasse a perceber que o menino Jesus tinha dias: nuns era de direita, noutros era de esquerda. Nuns governava à esquerda, noutros governava à direita...
Nós, seres imperfeitos, feitos à sua imagem e semelhança, fazemos o mesmo.
Amén...