A vaca - da Globalização. Como passar da "Globalização Predatória" à Globalização Feliz
Muito já se disse escreveu sobre a Globalização (G.), mas em qualquer governo, sociedade, empresa, família ou indivíduo essa formulação coloca-se sempre na equação geral da vida de todos nós, com maior ou menor intensidade. É óbvio que ontem ao "ouver" o poeta e deputado M.Alegre na sua entrevista à RTP - paga com os impostos dos portugueses - não se ficou com ideia nenhuma do que temos pela frente e de que forma os governos e as sociedades como também as empresas, as famílias e as pessoas - podem derrotar essa globalização predatória, como lhe chamou o internacionalista Richard Falk - e trabalhem em prol da chamada Globalização Feliz. É sabido, por outro lado, que este modelo de G. resulta de um processo que gera um espaço global onde os territórios nacionais perderam relevância, com a consequência de as classes sociais também já não funcionarem como elementos de referenciação nacional estável, alterando, com isso, o contexto em que se desenvolvia a tradicional luta de classes assim como a função reguladora do poder político emanada do Estado - eleitoralmente legitimado. Portanto, com a G. não se formam mais classes sociais globais, homogéneas, de capitalistas e de trabalhadores, do mesmo modo que também não se forma um poder político global. A G. foi assim uma espécie de elemento oculto que interferiu com tudo, desde o mais pequeno pormenor da gestão de uma localidade à questão mais vital de âmbito macroeconómico na vida das nações. O que mudou, então? A mudança gerou-se no seio do próprio sistema capitalista global, pois onde dantes dominavam os fluxos do poder - e aqui pontificavam as grandes potências, as grandes empresas multinacionais - passou a relevar - por efeito de inversão da fórmula - os fluxos de poder. Ou seja, o poder dos fluxos é substituído pelos fluxos do poder, é aí que se operam as grandes alterações nas orientações produzidas nos chamados centros de racionalidade estratégica dos Estados e das empresas. E mesmo quando os Estados eram fortes e legitimados pelos votos das populações ou dispondo de um poder militar poderoso e com capacidade de projecção de força em qualquer parte do mundo num tempo récord, hoje essa valência não impede que a República Imperial - de per se - consiga lidar eficazmente com a troika de crises que a reflexão infra de António Vitorino elenca (financeira, energética e alimentar). Ou seja, a G. veio perturbar todo o esquema político e apelar a uma nova racionalidade estratégica na vida das nações, que implica reconhecer que os tradicionais poderes hoje pouco podem sobre os movimentos de capitais, de bens, de tecnologias, de capital-inteligência. Numa palavra: só podemos escapar à pobreza, à exclusão social, ao desemprego e às mais variadas crises e problemas sociais - do ambiente à sida - se as sociedades, desde os seus níveis mais elementares de aprendizagem - investirem na Educação ao longo da vida. O investimento em Educação é a melhor resposta à globalização predatória e o caminho mais fácil e rápido para antecipar o estágio da Globalizão Feliz. Um homem com uma elevada taxa de Educação/formação/qualificação mais dificilmente cai na pobreza, na marginalidade ou no desemprego.
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