segunda-feira

Power: dissolução da concordância-discordante. "We" era mesmo - we -

Afinal, os conceitos e as fórmulas de campanha fizeram para se destruírem uma vez alteradas as circunstâncias. Obama concitou mais delegados do que Hilary Clinton e agora ambos fazem contas à vida. E o Power recomenda o óbvio - que é: darem as mãos para bater o velho republicano que já tem idade para ter juízo. O Yes, we can de Obama era mesmo para Clinton, e o ajustamento desta à fórmula de Barack demonstra que o Power é o imperatico n.º 1 em política, e a ele tudo e todos se lhe submetem. Um dia destes veremos que até a Mónica Lewinski, mal comparado, vota Obama para derrotar o candidato republicano. Ao fim e ao cabo, Mónica também apoiou Clinton, embora a novidade do mundo decorra do facto de a República Imperial, pela 1ª na sua história, passar a ter um negro na Sala Oval a carregar nos botões do cockpit planetário. E se nos lembramos que na década de 60/70 do séc. XX - essa mesma América tinha sérios problemas de direitos cívicos em que imperava um autêntico apartheid que dividia negros e brancos nas ruas, nos transportes, nos empregos, espartilhando toda a sociedade (que até levou ao assassínio de Bob Kennedy em plena campanha eleitoral - quando este estava prestes a ser eleito presidente dos EUA, além do abalo que foi a morte de Martin Luther King). Ver agora um negro a comandar o mundo a partir da Sala Oval não deixa de surpreendente. Uma surpresa que pode fazer bem ao mundo e com ele estabelecer laços de confiança interreligioso e interétnico que, a prazo, prevenirá o mundo do terrorismo, da indiferença, da intolerância, das guerras e dos conflitos de média e baixa intensidade que trarão consigo uma nova Era nas Relações Internacionais neste mundo post-globalizado. Mas em que, para chatear, ainda vivemos todos dependentes duma fonte de energia pastosa, cara, objecto de especulação e do tempo da "outra senhora". Portanto, a novidade não é saber se Obama bate o velho republicano, mas saber como lidará ele com os grandes dossiers internacionais à mesa das negociações que este novo ciclo político global irá colocar sobre a mesa. A mesa da Sala Oval...