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Amizades criminosas: Mugabe e Mbeki a ensanguentar o continente africano. Nelson Mandela terá de pôr ordem na casa, aos 90 anos...

Mugabe está à direita na imagem e não passa dum criminoso - que terminará a sua vida como todos os criminosos: abatido a tiro ou dependurado numa praça do Pelourinho local ou encontrado - como um cão - numa valeta já esventrado pelas aves de rapina que só deixaram a carcaça; Mbeki deveria saber honrar o ciclo da África do Sul democrática iniciada com Deklerk e Nelson Mandela, que hoje assinala 90 anos.
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Zimbábue, espancando seus oponentes políticos, quando as câmeras de televisão mostravam a assustadora imagem de Mugabe trocando apertos de mãos com o sorridente presidente sul-africano, Thabo Mbeki, um professo defensor da democracia africana. Isso foi em abril de 2000. E Mbeki, líder da nação mais poderosa do continente, disse que não havia mal nos meios de repressão do presidente zimbabuano.
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Oito anos depois, em abril de 20008, muito daquela cena se repetiu. Por duas semanas, oficiais da eleição zimbabuana se recusavam a divulgar resultados daquele pleito, onde Mugabe havia sido derrotado, e uma nova onda de violência começou. Novamente, Mbeki disse que não havia crise política no Zimbábue.
A complexa relação entre os dois líderes, desenvolvida por quase 30 anos, é um fator crucial para entender porque Mbeki, escolhido no ano passado por líderes regionais para mediar oficialmente o conflito no Zimbábue, não critica publicamente Mugabe, nem usa o poder econômico da África do Sul, como potência dominante da região, para conter seus rudes métodos, apesar de anos de eleições falsificadas.
A perplexidade do mundo com a abordagem de Mbeki - andando calmamente, sem bengala - se tornou uma profunda frustração nos últimos dois meses. A violência apoiada pelo Estado no Zimbábue ficou tão agressiva que o candidato da oposição, Morgan Tsvangirai, que venceu Mugabe no primeiro turno, desistiu do segundo a apenas cinco dias do pleito.
A política de Mbeki, tipicamente chamada de "democracia quieta", está construída na leal convicção de que seus laços especiais com Mugabe podem resolver a crise no Zimbábue através de negociações com paciência, dizem seus colegas e cronistas.
A amizade dos dois líderes começou em 1980, logo após o zimbabuano assumir o poder, explica Mark Gevisser, biógrafo de Mbeki. Com o passar do tempo, o sul-africano manteve uma relação fiel ao líder mais velho. "Mugabe é o pai, mas não um pai querido, um pai problemático, aquele tipo que os filhos só querem ouvir uma vez durante um tempo", continua Gevisser.
Por anos, a África do Sul tentou bloquear uma ação internacional contra o governo Mugabe e, no dia 19, se recusou a cooperar com um esforço americano na ONU para condenar os ataques políticos no país vizinho.
Somente após o clamor contra o presidente zimbabuano crescer ainda mais a África do Sul apoio a condenação do Conselho de Segurança contra a "campanha de violência" que aflige a nação.
Com a economia do Zimbábue sendo arruinada e milhões de pessoas fugindo para a África do Sul e outras nações, a "democracia quieta" agora é amplamente vista como uma trágica mancha no legado do líder político na região, um nobre homem que sucedeu energicamente Nelson Mandela em 1999.
Também aparece contrastando com muitos líderes sul-africanos do passado e presente, incluindo Mandela, que nessa semana citou a "trágica ausência de liderança" no Zimbábue.
Obs: Pergunte-se a Mbeki em que "moeda" está a ser pago pelo Mugabe (envergonhando o legado democrático de Mandela), e há quantos anos. E, já agora, inquirimos se também tem conta na Suíça - ou conta só com o apoio logístico de um sobrinho taxista...
Fez-se a democracia na África do Sul para isto...: apoiar um regime ainda pior do que aquele que vigorava na África do Sul até há duas décadas e respondia pelo nome de Apartheid.