Umberto Eco, um homem de excepção
[...] Vieram-me à cabeça algumas ideias que ele (Michele Serra) saberia desenvolver na perfeição. Por exemplo, um senhor chamado Giuseppe Brambilla dá uma descompustura ao filho de doze anos, que chegou a casa depois da meia-noite, e o rapaz, um ser evidentemente perturbado, enforca-se no sótão. O pai é condenado por instigação ao suicídio. Adeodatto Trapizzoni, ponta de lança da equipa Fulgor, no desempate por pénaltis, remata com toda a força e apanha de surpresa o guarda-redes da Senectus, destruindo a sua fama de defensor inatacável. O guarda-redes morre de desgosto, e a Federação de Futebol promulga uma lei dizendo que, de agora em diante, quem remata à baliza só o pode fazer com delicadeza, advertindo antecipadamente o guarda-redes sobre o ângulo que tem em mente [...]. O doutor Ippocrati diz ao senhor Dolenzi que tem um cancro na próstata e Dolenzi, enlouquecido, vai para casa, mata a mulher e os setes filhos, e depois atira-se pela janela. O Parlamento passa uma lei estabelecendo que, doravante, os médicos devem abster-se de comunicar aos pacientes diagnósticos susceptíveis de ferir os seus sentimentos [...].
Obs: Nós, por cá, dizemos ao Adalberto Madaíl - da Federação Portuguesa de Futebol - que se não sair deve ser empurrado da fpf, nem que o Parlamento legisle nesse sentido. Além duma causa de interesse nacional, é de higiéne que se trata. Antes e acima de tudo...
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