A escalada - por António Perez Metelo -
A ESCALADA
António Perez Metelo, in dn
O secretário-geral da OPEP, o cartel de países exportadores de petróleo, confessava há dias não ter explicação racional para a contínua subida do preço do crude. Mas vale a pena enumerar a cadeia de estrangulamentos na cadeia de valor, que já vêm de trás e constituem o pano de fundo da presente febre especulativa.
A OPEP ganhou o seu poder económico e político em 1973. Os países produtores e exportadores, através das suas companhias petrolíferas de bandeira, chamaram a si uma fatia mais substancial do negócio, mas comportaram-se mais como rentistas, com rendimentos do petróleo aplicados nos mais diversos sectores e projectos, sem reinvestir em prospecção e desenvolvimento tecnológico tanto quanto as herdeiras das "Sete Irmãs" multinacionais. Na Arábia Saudita, no Iraque, no Irão, não só se produz em condições tecnológicas sofríveis, como se descurou o investimento em refinarias modernas com as mais exigentes especificações ambientais. E a busca de novas jazidas de petróleo e campos de gás natural está áquem do potencial indiciado de reservas. Ao nível de grandes petroleiros assistiu-se igualmente ao abrandamento na sua expansão.
Os focos de tensão geo-política em regiões ricas em petróleo têm vindo a agravar-se nas últimas décadas. No delta do Níger actua uma guerrilha, que vai sabotando instalações petrolíferas com regularidade; a Venezuela joga o seu poder económico para criar uma rede de alianças contra a hegemonia norte-americana; a invasão do Iraque, não só não quebrou a política de cartel da OPEP, como produz abaixo do nível de Março de 2003 e ajudou a afundar o dólar norte-americano; e o braço-de-ferro nuclear com o Irão ameaça degenerar em novo conflito armado.
As tensões transmitidas ao mercado são aproveitadas pelos especuladores, que lêem nelas a possibilidade de ganhar bom dinheiro, numa altura de debandada de outros produtos financeiros devido à crise internacional.
Obs: Divulgue-se.
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