A troika clínica-psicotrópica geradora de ilusões nos militantes do PSD ante o carburante do petróleo
Uma metáfora do actual PSD: dois passados gorados (Ferreira Leite e Santana) e um futuro dangereuse e neo-experimentalista (Passos Coelho). Eis a troika-clínica-psicotrópica geradora de ilusões na cabeça dos 70 mil militantes do PSD.
Já aqui defendemos a ideia de que Sócrates poderá perder a maioria absoluta por causa do comportamento dos preços do petróleo, e não por causa da oposição. Isto significa que a carestia do ouro negro faz mais estragos na classe média do que a putativa qualidade duma alternativa das oposições à governação. Pois ninguém vê Louçã sentado no cadeirão de S. Bento a governar o país, ou o camarada torneiro-mecânico Jerónimo de Sousa (assessorado pelo adepto da "democracia" da Coreia do Norte - defendida por um tal bernardino), muito menos Santana lopes, salvo para fazer a sesta - cujo direito institucionalizou nas trazeiras do Parlamento. Com almofadinha de luxo e lençóis de setim... Dentro de dias o PSD será chamado a revelar a sua vontade-militante, sendo que para o efeito os cerca de 70 mil eleitores inscritos e com quotas pagas (talvez do orçamento do Antóno Preto, afilhado de Ferreira Leite ao tempo da mala preta e das cartas de condução duma empresa de Lamego...) decidirão quem - de entre aquela troika clínica-psicotrópica (Pedro Passos Coelho, Ferreira Leite e Santana lopes) irá arrumar a casa no partido da Lapa. Mas será que os militantes estão mesmo convencidos que qualquer um daqueles membros da troika terá verdadeiras hipóteses de defrontar Sócrates em 2009? A questão é pertinente e tem um valor histórico que não se pode dissociar da realidade, ou seja, há um passado (demasiado presente) que hoje nenhum daqueles 70 mil eleitores do psd poderá omitir quando estiver a votar para o novel líder. Sendo assim, e porque os militantes não são parvos, todos, ou pelo menos alguns (que até já têm experiência política), interrogam-se por que razão dois "velhos leões" do partido sem capacidade de patrulhar o território e fazer face a novas investidas (santana e Ferreira leite) se abalançam para a liderança; sem, contudo, deixar de contabilizar por que razão um candidato a alfaiate quer ser, de imediato, uma espécie de costureiro Van Cleef & Arpels? Assumindo este papel, o aspirante Passos Coelho - que é um jovem com presença, mas não passa de um liberal sem ideias originais acerca da governação, o que faz dele um estagiário ou assistente universitário. Que, de resto, nem obra tem publicada. Restam-lhe os conselhos do eloquente Ângelo Correia... Neste contexto concreto, todos e cada um daqueles 70 mil militantes do PSD irão, necessáriamente, cumprir um ritual da democracia interna do partido: votar para a eleição de um secretário-geral para o PSD. Só muito dificilmente, mesmo com o preço do petróleo a disparar diáriamente contra a classe média (logo contra Sócrates), cada um daqueles três candidatos terá verdadeira chance de disputar a liderança de PM em 2009. Santana é já um nado-morto, porque provou ser um mau executivo em S. Bento (e a memória desse desastre político ainda está fresca na mente colectiva dos portugueses); Ferreira leite é uma pessoa sem uma visão intersectorial do país, apenas sabe de economia & finanças - mas para governar uma casa, não um País; e Passos Coelho tem coragem, tem uma vox límpida para radialista, mas é demasiado impreparado para gerir uma PME ou mesmo uma autarquia do interior quanto mais Portugal. Isto faz com que cada um daqueles 70 mil militantes votem num sentido, mas no seu íntimo, no mundinho mais recôndito das suas preces saibam que nenhum tem hipótese de ir além da Lapa, e aquele que poderia oferecer essa esperança aos militantes e a uma parte dos portugueses seria Marcelo Rebelo de Sousa, hoje indisponível para dar mais mergulhos em piscinas vazias. Os militantes do PSD sabem disto, não obstante irem todos - como carneiros - votar nas directas que se avizinham. Eles sabem que vão votar; sabem que Ferreira Leite ou Passos Coelho será eleito - mas têm a certeza nas suas convicções que só Marcelo, na actual conjuntura, seria o homem para fazer abanar Sócrates. Ora, Marcelo não quer abandonar a análise política dominical, nem os mergulhos no mar do Guincho, por isso resta aos militantes olharem-se ao espelho, lamentarem-se pelo ritual que cumprem e, mais uma vez dizerem para consigo própios: porra, falhámos a vida. Acreditámos na ilusão e, mesmo assim, fomos contra o muro. Falta já pouco tempo para a consumação desse acidente (mais) do que previsível e com data marcada, como alguns funerais em que o paciente se encontra já num estádio terminal e com a máquina programada para o game-over. É triste reconhecer isto, pois num momento em que o partido carece de sangue novo, de novas ideias, novos projectos, enfim, uma alternativa credível - aquilo que o partido oferece aos militantes são os talheres antigos guardados num baú cheio de pó - cuja poeira assenta no défice (de Ferreira leite) e com a forma como Sampaio demitiu o ex-PM mais incompetente do post-25 de Abril em Portugal (Santana lopes). Por isso, repetimos: os militantes mereciam [mais] e melhor, o PS merecia também uma mais credível oposição. E Sá Carneiro deve estar a dar mais umas voltas no túmulo perante tanta consternação.
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