O azar de Lisboa e o contabilismo do Tribunal de Contas
António Costa reúne-se ao princípio da tarde desta quarta-feira com os principais credores da Câmara Municipal de Lisboa, de forma a tentar descansá-los sobre a intenção de liquidação das dívidas, depois de o Tribunal de Contas (TC) ter recusado o pedido de empréstimo à Caixa Geral de Depósitos, no valor de 360 milhões de euros. [CM]
O edil da capital vai analisar com os credores, muitos dependentes do saneamento das dívidas para evitarem a falência, as consequências desta recusa.
Uma das promessas por feitas António Costa durante a campanha para as eleições intercalares da autarquia, no Verão de 2007, foi exactamente o pagamento das dívidas e a regularização da situação económica da Câmara. Uma estratégia agora comprometida devido à decisão do Tribunal de Contas.
O presidente da Câmara de Lisboa quando apresentou a proposta de empréstimo ao executivo camarário e depois à Assembleia Municipal, ao ver a maioria social-democrata desse órgão pôr em causa a provação, fez depender a sua permanência à frente da autarquia da aprovação da sua proposta.
No entanto, desta vez, afastou de imediato a hipótese de pedir a demissão, garantindo que a decisão do tribunal fiscalizador não porá em causa a gestão financeira da autarquia.
António Costa, após o encontro com os credores, reunir-se-á com a presidente da Assembleia Municipal, Paula Teixeira da Cruz, estando também já agendada, para amanhã, uma reunião extraordinária do executivo camarário para debater a nova situação.
Obs: Por esta é que ninguém, de bom senso, esperava. O passivo foi herdado por António Costa e gerado pela dupla Santana & Carmona - entretanto desavindos; o saneamento financeiro da autarquia foi a principal promessa eleitoral do PS/António Costa; sem essas verbas a CML fica ingovernável e os credores, muitos deles, só lhes resta abrir falência injectando mais pessoas no desemprego. E, diante este cenário catatrófico, o contabilismo manga-de-alpaca do Tribunal de Contas presidido, pelo sr. dr. Guilherme d' Oliveira Martins, que sempre confundo com o Mr. Bean, sanciona o chumbo deste empréstimo de 360 ME depois de, em Dezembo último, em reunião de AM, o edil ter baixado em 100 ME o montante do empréstimo a solicitar à CGD.
Perante isto não sei o que o TC pretende:
a) uma demonstração de autoridade financeira;
b) passar um atestado de incompetência técnica ao vereador cardoso da Silva, que tem o pelouro das finanças;
c) espelhar excesso de zelo (politico)
Resultado: Lisboa vai continuar encalhada, uma vez que já estava a boiar na sequência das inundações, o edil da capital, uma vez mais, terá de apaziguar os desgraçados dos fornecedores e credores da CML pedindo-lhes, eventualmente, mais paciência pelo tempo perdido que esta decisão do TC implica.
No plano político, como referiu carmona Rodrigues, do alto da sua mediocridade que contribuíu para agravar o passivo, defende tratar-se duma "derrota política" para António Costa, embora o mais curioso é que o mesmo A.Costa esteja a trabalhar para limpar a "borrada de gestão", a "borrada política" de carmona e conexos. Carmona neste particular poderia ser mais decente, e sê-lo-ía se estivesse calado. Porém, acabou por cuspir contra o vento, tal o seu irredentismo político (primeiro contra santana), agora redireccionado para António Costa.
Numa palavra: politicamente não foi apenas António Costa que perdeu, mas a Capital no seu conjunto pelo tempo perdido, mas moral e éticamente é o próprio António Costa - mantendo-se firme na observação duma sua promessa eleitoral, que sairá reforçado desta determinação em honrar os compromissos assumidos em sede de campanha eleitoral.
E neste sentido, António Costa ganha em toda a linha (ética e política), ainda que para o efeito a decisão do TC congele a vida dos credores por mais uns meses. O que denota bem o contabilismo da instituição... Desejo, contudo, é que dois indicadores da economia nacional não se agravem: o número de falências de empresas e o número de desempregados nos centros de emprego. Quanto ao dr. Guilherme d' Oliveira Martins daqui lhe recomendamentos mais umas releituras de Eça de Queirós - que ele tanto aprecia. Poderá começar pelo Conde d' Abranhos... que tem no Alipiosinho, que queria ser deputado à força e viver dos rendimentos do Desembargador Amado - o protagonista da história que não deixa de espelhar uma trajectória lamentável.
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