quarta-feira

Um dia Marinho vai a Roma e depõe o Papa

Ano judicial começa com polémica de Marinho e Pinto
29.01.2008 - 10h12 Paula Torres de Carvalho, com Leonete Botelho
Com as atenções concentradas na recente polémica levantada pelo bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho e Pinto, que acusa altas figuras do Estado de envolvimento em crimes de corrupção, inaugura-se, hoje, mais um ano judicial. É precisamente o discurso de Marinho e Pinto que dá início à sessão solene, esta tarde, no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), em Lisboa.
Além do bastonário vão também intervir o procurador-geral da República, o presidente do STJ, o ministro da Justiça, em representação do primeiro-ministro e o Presidente da República.
A corrupção será, tal como no ano passado, um dos principais temas abordados pelos oradores, sobretudo após a convulsão criada pelas recentes declarações públicas de Marinho e Pinto. Em entrevista à Antena 1, o bastonário denunciou o envolvimento de pessoas que ocupam cargos de relevo no Estado português, em crimes de corrupção que ficam impunes. Não concretizou, contudo, estas acusações, notando que "o fenómeno da corrupção é um dos cenários que mais ameaça a saúde do Estado de direito em Portugal".
Apesar de ter imediatamente reagido a estas declarações com a abertura de um inquérito, o procurador-geral da República, Pinto Monteiro, não deverá referir-se ao assunto no seu discurso desta tarde.
As investigações relativamente às denúncias do bastonário passaram para a mão de Cândida Almeida, a procuradora que dirige o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP). Todos os pormenores foram acertados entre Pinto Monteiro e aquela magistrada, no passado domingo, não se tendo realizado qualquer reunião, ontem, ao contrário do que foi divulgado.
Marinho e Pinto não manifestou preocupação quanto à instauração deste inquérito, frisando que o procurador-geral "devia era apresentar resultados da operação Furacão". Mantendo todas as afirmações feitas na entrevista, o bastonário recomenda a criação de uma comissão parlamentar de inquérito.
Na passada quinta-feira, Marinho e Pinto pediu uma audiência a Pinto Monteiro para apresentar cumprimentos de Ano Novo, encontro que, por enquanto, não tem data.
As acusações feitas por Marinho Pinto caíram mal junto de certos advogados e de magistrados, que defendem que as suas afirmações deveriam ser fundamentadas, principalmente por pertencerem ao bastonário da Ordem dos Advogados. Manuela Ferreira Leite, conselheira de Cavaco Silva, manifestou-se, ontem, indignada, no programa Falar Claro, da Rádio Renascença, com as denúncias sobre a classe política feitas pelo bastonário, considerando-as "lamentáveis".
No seu entender, Marinho e Pinto "devia apresentar nomes" e não "lançar suspeições para o ar, recaindo sobre a classe política em geral, sabendo que esta já é malvista na sociedade". Também o socialista Vera Jardim criticou o facto de as declarações do bastonário "criarem um clima de suspeição generalizada", tanto mais quanto algumas delas se referem a situações que não são crimes. Por isso mesmo, aliás, receia que o inquérito aberto pela PGR "possa dar poucos resultados".
Obs: Antes das eleições um amigo, Advogado, referia-me que se Marinho ganhasse o homem iria "partir a loiça" toda. É o que está a fazer, numa forma condizente com o seu estilo, fracturante e abrindo clivagens não dando espaço para o Procurador-Geral da República respirar - dizendo-lhe até que o que Pinto Monteiro deveria fazer era apresentar resultados no mega-processo Furacão. Marinho é hoje bastonário da O.A. e está a tentar mexer no País real a partir daí, veremos com que resultados, reacções e adesões. Com sorte, talvez este estilo seja eficaz, a prazo. Contudo, a franqueza por vezes paga-se caro, mas a longo prazo a verdade sempre foi a melhor política. Aposte-se, portanto, na verdade - ainda que esta seja uma construção sociológica permanente, como a própria corrupção que atravessa a sociedade portuguesa, independentemente da cor dos partidos no poder.
Sugiro uma medida: aumente-se os ordenados aos políticos, diminui-se, assim, as possibilidades de C. Já agora, aumente-se também os salários aos portugueses em geral - para potenciar o seu poder de compra e ajudar a recuperar alguma da dignidade perdida. Se não houver dinheiro vendam-se algumas tabletes d'ouro estacionadas no BdP, em nome da inflação e da carestia de vida...
Pergunte-se a Marinho o que propõe para combater a C. O que já começou a fazer para a combater dentro da sua própria Ordem, pois os advogados, pela natureza das coisas... Mas também há excepções.
Questione-se Marinho quando é que vai a Roma "dar cabo do canastro ao Papa" e da corrupção que pulula no Vaticano...
E em 2045, se ainda cá andar, não terei dúvidas de ver as manchetes afirmarem:
Marinho fez uma expedição a Marte via Venús e apanhou 13 corruptos - um a mais do que o número de virgens que são prometidas aos terroristas suicidas que se implodem nessa esperança de se dirigirem para a Ilha dos Amores, narrada por Luís Vaz noutro contexto, menos terrorista, salvo para os indígenas de 500...