segunda-feira

Sócrates assume-se um «provinciano»

A humildade sempre foi a arma dos fortes
Sócrates assume-se um «provinciano»
Sem aliados na «esquerda aristocrática», diz que o caminho está ao centro
"O jornal francês «Libération» dedicou a sua última página ao primeiro-ministro, José Sócrates, onde este defende a afirmação dos partidos socialistas ao «centro» e se assume como «democrata socialista», sem aliados na «esquerda aristocrática» e «provinciano».
O artigo do Libération (acompanhado de uma foto do chefe do Governo português) resultou de uma conversa entre o jornalista Jean Quatremer e o chefe do Governo português, em São Bento, dias antes da assinatura do Tratado da UE no Mosteiro dos Jerónimos.
Para o jornalista francês José Sócrates, enquanto presidente do Conselho Europeu, «saiu alto de um exercício de alto risco». «O maior sucesso [de Sócrates] foi incontestavelmente o Tratado da UE, que não deixou sabotar pela Polónia e pelo Reino Unido», escreve o diário francês.
Jean Quatremer elogia ainda o primeiro-ministro português no processo que conduziu à aprovação do Tratado da UE em Outubro passado: «A inteligência política de Sócrates consistiu em recusar-se a reunir os ministros dos Negócios Estrangeiros [dos 27 Estados-membros] para renegociar o Tratado da UE, porque arriscava-se a fazer tudo derrapar. Tudo ficou antes ao nível técnico dos juristas encarregados de fazer o rendilhado com a defunta Constituição Europeia para recuperar todas as suas inovações».
Em termos políticos, Quatremer diz que Sócrates não escondeu a sua admiração pela chanceler alemã, Angela Merkel - «que deu uma grande ajuda para a aprovação do Tratado da UE» -, embora sublinhe logo a seguir que o modelo político do primeiro-ministro português se encontra «do outro lado da Mancha».
«Gosto dos trabalhistas britânicos, que fizeram muito pela renovação do pensamento socialista na Europa», declara Sócrates ao Libération, definindo-se como um socialista moderno. «Sempre fui um social-democrata, mesmo durante o período revolucionário, em 1974», salienta o secretário-geral do PS. «A afirmação de um partido socialista faz-se ao centro», contrapõe o líder dos socialistas portugueses.
As diferenças entre esquerda e direita, segundo Sócrates
Ainda no plano ideológico, José Sócrates pronuncia-se sobre as diferenças entre a esquerda e a direita. «O que difere a esquerda da direita? A igualdade», responde. No entanto, logo depois, o primeiro-ministro salienta que o seu «primeiro valor, o que se sobrepõe aos outros, é o da liberdade». «Eu sou por conseguinte um democrata socialista», acrescentou.
Segundo o jornalista do diário francês, em Portugal, «numerosos editorialistas consideram [José Sócrates] um provinciano, ele que nasceu numa vila pobre do norte de Portugal». «É verdade, eu sou um provinciano, eu fiz-me sem pedir autorização a ninguém. Não tenho aliados entre os intelectuais portugueses da esquerda aristocrática», diz o primeiro-ministro."
Obs: Digamos que Socas é um "provinciano" de luxo e tem imensa saída entre as mulheres, o que ajuda na formação das maiorias absolutas.
Pergunto-me se é porque tem bom aspecto, é elegante e veste bem, ou se decorre, tão só, da sua condição de provinciano. Para provinciano não está nada mau, não senhor!!! Sugerimos, contudo, um pouco de vaselina longitudinal na personalidade, para ficar menos impositivo e áspero na personalidade ou, segundo alguns, menos autoritário no perfil e na forma como comunica.
Tenho pena que não tenha elaborado um pouco mais e melhor sobre as diferenças entre a esquerda e a direita, que o PM crê fundar-se na Igualdade. É curto. Uma consulta ao Tony Giddens resolvia isso. Já agora, quem fará o papel de Giddens (conselheiro) nacional!?