O homem ou Deus?
A silly season do Outono/Inverno também tem a sua fase de incubação que se traduz em duas consequências práticas: 1) confusão acerca de quem somos perante Deus, i.é, o indizível; 2) e uma terrível ausência de factos e, consequentemente inexistência de notícias que mereçam ser comentadas. São as varizes e as varejeiras do tempo. É nesse interlúdio de não se sabe bem o quê é que regressa uma velha questão que consiste em saber quem tem razão: se o homem da elite - que concebe Deus diferentemente do homem comum. Aquele tem uma concepção teocêntrica da fé: o homem está ao serviço de Deus, não esperando nenhuma retribuição; por sua vez, o homem comum é animado por uma concepção antropocêntrica que dita que é Deus quem está ao serviço dos homens, e que é nessa base que Ele intervém na sua existência para os compensar ou castigar.
Ora, é neste jogo da razão e da fé, que me pergunto quem trabalha para quem!? Ou seja, quem é o "patrão" do outro e quem paga a quem e em que moeda?
É, em boa medida, além das flores dos cemitérios, esta perplexidade que o Natal (também) me evoca. O homem vejo-o diáriamente, Deus nunca o vi e consta, segundo Pessoa, que não sabia nada de finanças, nem tinha biblioteca.
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