sexta-feira

Crise de afirmação e exuberância. Das 53 Juntas de Freguesia da Capital 33 são PSD...

Já vimos neste mesmo espaço de análise e reflexão, que Meneses é um herói sem missão, um homem político sem finalidade pública, um agente partidário sem poder e influência nem autoridade, um actor sem rasgo - que até para substituir o seu ex-rival político, MMendes, teve de recorrer à insídia, ao insulto, à injúria. Meneses, em síntese, é um ser desatinado em busca de registo histórico e em lugar de se credibilizar na cena pública cada passo que dá só gera instabilidade que o afasta ainda mais dos eleitores, e assim nem na autarquia de V.N. de Gaia ele se mantém - senão artificialmente.
Feita esta sistematização da personalidade política de Meneses, é legítimo perguntar que tem ele em vista com a sua "estratégia terrorista" na Assembleia Municipal de Lisboa ao incumbir os seus vereadores para vetarem a proposta do Executivo que visa aprovar o empréstimo para pagar dívidas geradas pelo partido dos Srs. Meneses, Carmona e Santana Lopes (fautores do passivo)!?
Neste sentido, a sua estratégia parece ser não ter estratégia, senão vejamos: do universo das 53 Juntas de Freguesia 33 são do PSD, 12 do PS e 8 do PCP. Portanto, o PSD é o partido com mais expressão a este nível do poder local, sendo certo que muitas - para não dizer todas - essas juntas vivem e mantém o seu plano de actividades com base em apoios directos da autarquia, dela dependendo para prosseguir esse plano de actividades - por regra em estreita ligação com as necessidades das colectividades locais.
Colocando-se este extraordinário constrangimento que, na prática, não passa duma chantagem política respaldada pela composição duma Assembleia Municipal manhosa e mantida artificialmente com base numa lei eleitoral antiga, maluquinha e ilógica, a conclusão que se pode extrair é que Meneses, à falta de melhor ideia e projecto para competir abertamente com Sócrates no plano nacional, fez incidir na capital toda a sua raiva política que, de resto, coincide com a natureza do órgão que ele telecomanda e lhe viabiliza o alívio da bilis, e o resultado é o que todos conhecemos: a AM, com maioria absoluta do psd, ameaça vetar a dita proposta - para vergonha da cidade e da política.
Isto conduz-nos a outra conclusão: será que os 33 presidentes de Junta de Freguesia do PSD de Lisboa estão todos de acordo com esta chantagem política instrumentalizada a partir da AM - e a que, meneses, obviamente, não é alheio (é antes o instigador)?!
É óbvio que não, aliás, muitos deles já fizeram saber que discordam da chantagem industriada pela AM, discordam desse método de fazer política local, e, por essa razão, não estão dispostos a aturar um líder fraco, errático e transitório que põe em causa a continuidade dos reais interesses das populações locais que veriam os seus protocolos suspensos e os seus planos de actividades abruptamente interrompidos caso o chumbo dessa proposta venha a ter lugar.
Neste caso, como diria o amigo Pedro A., caberá perguntar se os respectivos presidentes de junta (os 33 do PSD) devem mais solidariedade ao partido (por via da disciplina partidária) ou devem, sobremaneira, essa confiança aos respectivos eleitorados que é suposto servirem?!
Neste caso, e dado que se está diante duma farsa política que visa fazer um braço-de-força entre o PSD e o PS na CML, como ainda ontem Carmona Rodrigues referia, é óbvio que o sentido de missão, de dever, de lealdade e de confiança política por parte desses presidentes de junta deverá obedecer, primeiramente, às populações locais, ainda que isso implique estar pontualmente contra o partido de que são membros.
Esta questão remete para a legitimidade política que, neste caso sobreleva da legalidade estatutária do partido, e, por extensão, não é de surpreender que muitos desses conflitos, desconfianças, cisões e outras divergências se agudizem e multipliquem nos próximos dias como sinal de protesto à orientação política de Meneses que, como vimos, deriva da sua falta de credibilidade política nacional e da exuberância do seu carácter aliado ao facto de estarmos diante de um herói sem missão, dum agente político sem finalidade púbica.
O que nos permitirá colher uma última conclusão relevante para a avaliação do funcionamento do sistema político e ao tipo de pressões e chantagens a que ele está hoje sujeito em Portugal: até ao momento os sistemas políticos contemporâneos sofriam diversas pressões.
A saber:
  • Eram atacados pelo terrorismo suicida;
  • Pelo rompimento das bolhas especulativas que instabilizam os mercados e dão cabo da fiabilidade das moedas;
  • Pelas falsificações em larga escala nas contabilidades criativas de empresas de reputação mundial, dando indicações económicas sem fundamento na realidade;
  • Alteração da localização dos centros dominantes da decisão económica, mormente com a chamada deslocalização de multinacionais à maneira "cigana" que deixam as economias locais de rastos;
  • Na crescente motivação de tipo religioso que exige uma resposta qualificada dos diversos grupos sociais em presença.

Doravante, pela pena do sr. Luís filipe Meneses, temos um novo tipo de risco político associado, na linha, aliás, do seu já conhecido populismo e demagogia, que é o risco que visa conduzir à instabilidade dos comportamentos e dos ciclos eleitorais através de órgãos municipais com expressão nacional, como é nitidamente o caso de Lisboa, capital do País.

A este fenómeno excepcional na vida pública, porque é novo e ainda não está suficientemente estudado pela Ciência Política e pela Sociologia e Filosofia Política - denominamos aqui de crise de afirmação e de exuberância, pois é disso que tratamos quando evocamos essa personalidade tão complexa quanto conturbada e errática que hoje ocupa as estreitas ruas da Lapa e quer, vejam só, vir a ser PM de Portugal.
Para anedota de final de semana não está mal..., não Senhor!!!
PS: Agradeço à Maria João C. ter-me facultado alguma informação que aqui tratamos.