Luís Filipe Meneses: o génio escondido ou o falso líder?
Para mim Luís Filipe Meneses, o actual líder do psd, é não apenas uma carta fechada, é mais do que isso: é uma carta fechada dentro dum contentor lacrado que segue num navio-mercante que se dirige para África. Ou seja, uma dupla incógnita, situação incompatível com a própria indispensabilidade de estabilidade política e da segurança e previsibilidade económica que os agentes sociais e económicos tanto valorizam na sua acção quotidiana. Seja no plano micro, seja no plano macro. De Meneses, como ontem o António Vitorino dizia no Notas Soltas, pouco sabemos, salvo que é autarca de Gaia, tem uma obra faroónica (mas a que custo?!), mas isso não deixa de o inscrever numa matriz nitidamente populista, i.é, e na linha do que afirmou Eva Perón: "um descamisado é aquele que se sente povo". E é isto que o dr. Meneses faz com a sua dramática demagogia quando diz o que diz aos operários duma multinacional que encerra fileiras e deslocaliza a sua actividade económica para outro ponto do globo, em resultado da globalização predatória que atinge milhares e milhares de pessoas que assim caem na valeta do desemprego. Diante isto, que é um problema complexo, porque simultaneamente económico, social e político, o que faz o dr. Meneses? Diz que vai à porta dessas fábricas e unidades industriais e solidariza-se, condói-se, abraça-se às árvores - como S. Francisco de Assis - dado ter muito amor para dar. Ora isto, além de populista, é ridículo, pois nada resolve. Demonstra que o dr. Meneses não tem a mínima noção do que é o funcionamento da economia globalizada, revela desconhecer os mecanismos complexos da decisão política e denota um elemento rural - que privilegia o tal populismo que, entre outras coisas, visa criar um sentimento de que é o povo a única categoria sociológica que é esmagada entre a maldade da aliança entre o capital industrial e o capital financeiro que o Meneses (e só ele), alegadamente, visa combater. É, portanto, por esta dupla via que Meneses se pretende impôr: por um lado, priorizar a vontade do povo nas suas demagógicas declarações de princípio, por outro, procurar estabelecer uma relação directa entre povo e leadership. Pelo que temos visto, facto que se agrava pela sua turbulenta personalidade errática e altamente instável e nervosa, Meneses não é comprável pelos empresários, pelos investidores, pela generalidade dos agentes económicos que estão por detrás das Otas e dos TGVs em potência nos mecanismos da decisão governamental. Essa credibilidade, esse fio condutor da política - que conduz e orienta as opções de investimento na macroeconomia estão, naturalmente, centralizadas nas mãos de Sócrates. Isto sucede assim por uma razão simples: é Sócrates, e mais ninguém, que actualmente em Portugal oferece essas garantias de estabilidade e desenvolvimento sustentado para Portugal, ainda que com grandes sacrifícios sociais que o povo português não deixará de compreender. O que não se compreende são algumas posições intrinsecamente "argentinas" de Meneses que anda por aí prometendo o paraíso na Terra, quando ele deveria pensar três vezes antes de falar: pois nem ele é um génio nem o povo é estúpido. E as soluções simplistas para poblemas complexos nem para a estabilização do psd servem, um partido que ainda está longe de se pacificar, sobretudo se atendermos à forma como Meneses chegou onde chegou, disse o que disse e, hoje, pensa como pensa. Em face do exposto, rogo aqui a Sócrates que o ajude a aguentar-se até 2009. Não o fazer seria, once again, repetir a malde do maoista Durão barroso - ou seja, entregar o país à bicharada santanista que encurralaria Portugal na mesma tragédia de 2005, quando o Zé Barroso zarpou para Bruxelas e entregou monárquicamente o poder ao Santana (sob a então cumplicidade inerte de Sampaio) que fez aquela tomada de posse na Ajuda a toque de Lexotans e governou à vista - com Paulo Portas a abrir a bocarra e demonstrar estupefacção por desconhecer que ministério (do Mar) iria tutelar, tal a organização daquele governo de boys & girls. Creio que Portugal e os portugueses merecem melhor, ou não!? Por mim, e até para bem de Portugal, desejaria crer no génio escondido que Meneses encerraria, mas não tenho grandes dúvidas, e o realismo dos factos aponta para ver nele mais um falso (e populista) líder, agora trágicamente irmanado com Santana Lopes numa tentação do abismo. O filme de terror segue dentro de momentos...
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