terça-feira

Fim à chacina p'lo Notícias da Aldeia

Nota prévia do Macro:

Mão amiga partilhou comigo esta humanitária advertência, embora eu não seja exemplo para ninguém. Não sendo caçador, lembro-me que em miúdo, na década de 70, rebentei com muita cabeça de andorinha pousada nos fios de electricidade enquanto as ditas descansavam após prolongados vôos. E nem sequer eram para comer, apenas para calibrar a pontaria e certificar-me que ao disparar acertaria. No fundo, era um exercício maldoso, assassino mas visto a 30 anos de distância é desculpável. Entre disparar tiros de pressão d'ar no rabo dos primos e matar uma andorinha - o "prazer" mórbido sempre era maior ver um pássaro a cair do que um primo aos berros, embora às vezes a queda da ave se misturasse com os gritos da primalhada que também era chumbada. Enfim, uma desgraça, sobretudo por causa dos tios - que por vezes também não escapavam à heresia da chumbada.
Enfim, foram anos de aprendizagem, de humanização e de muita sacanagem - próprios do crescimento e da rebeldia da idade. Hoje, os putos "matam" outros putos (virtualmente) através dos video-jogos, a guerra é outra. Hoje, quando ouço a expressão de que "uma andorinha não faz a Primavera" recordo-me das desgraçadas das aves e dos chumbados rabos dos primos que também não escaparam à certeza da pontaria que queria testar, mais e mais.
Também aqui os tempos do PREC fizeram a sua passagem pela meninice do tiro, pois o dedo estava sempre pronto para premir o gatilho. Entretanto, os tempos mudaram, as aves assumiram nova personalidade porque integram um ecossistema e uma cadeia de preocupações de que depende o nosso próprio bem-estar, pelo que teremos de alterar o quadro de mentalidades e, com ele, a praxis do tiro.
Ou seja, devemos subscrever as preocupações que lemos infra sistematizadas pelo blog do Notícias da Aldeia -
Laguna de Aveiro constitui um território de extrema sensibilidade e uma extraordinária biodiversidade, confirmada nos diferentes estatutos nacionais e internacionais já atribuídos.
Os terrenos do Baixo Vouga Lagunar, nos quais alguns indivíduos, dizendo-se caçadores, chacinam todo o tipo de aves, integram-se na ZPE (Zona de protecção Especial) da Ria de Aveiro, mereceram o estatuto de IBA (Important Bird Area) pela Birdlife International, bem como pela SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves), de Biótopo CORINE (nº C12100019), recomendada para integrar os Sítios Rede Natura 2000, Convenção de Berna (relativa à conservação da vida selvagem e do meio natural da Europa) e Convenção de Bona (relativa às espécies migradoras da fauna selvagem).
É nestes campos, que alguns matadores de passarinhos, praticam uma série de ilegalidades que vão do abate indiscriminado, à caça nocturna com holofotes, a coberto da lei, segundo o presidente do Clube de Caçadores de Avanca, entidade a quem está atribuída a gestão de um santuário da natureza.
Cabe-nos a todos proteger este património natural, uma região de grande fragilidade habitado por inúmeras espécies selvagens que ali nidificam, se reproduzem ou se recolhem durante as migrações.
Ajudem esta causa, divulguem este atentado à natureza, ajudem a fazer respeitar a vida, colaborem na construção de uma área na qual, os nossos descendentes possam observar a natureza em todo o seu esplendor.
Levem e divulguem o nosso logo, pelo fim da caça no Baixo Vouga. Nós ficamos gratos, as aves do Baixo Vouga, ficar-vos-ão a dever a vida.
Publicada por noticiasd'aldeia em 1:15 AM Fim à barbárie nos campos do Baixo Vouga 2 comentários.
Etiquetas: Pelo fim da caça