domingo

Santana Lopes e o poder negativo. O poder anti-poder, auto-poder. A desgraça do PSD

Toda a gente sabe que o psd é um partido grande, de massas e de quadros, habituado ao poder e às benesses que ele proporciona às suas clientelas: seja na Administração central, seja nas autarquias e no poder local - onde o psd tem tradição de liderança, e em certos casos - como Viseu - dando bons exemplos de gestão municipal. Oeiras durante 16 anos de Isaltino Morais também se encaixou nesse perfil, mas com as contas do sobrinho na Suíça que era taxista, os problemas pendentes com a Justiça (que se arrastam e nada se decide, o que me leva a supôr que seria a Justiça que se deveria sentar no banco dos réus..) e a incompatibilidade entre ele e MMendes, então líder do psd, levou a que as crises intestinas abrissem fracturas profundas nesse grande albergue espanhol que até pessoas como Zita Seabra para lá foram parar. Provavelmente, para editar os livros dos amigos políticos...que mais ninguém editaria.
Hoje, Meneses - que sempre foi um líder de facção sem dimensão para lá da cortina de Gaia, é o líder frouxo do psd, e na calha o Santana lopes tem-se vindo a oferecer para liderar o grupo parlamentar na AR. Remetendo, assim, o líder cessante, Marques Guedes, para o caixote do lixo da história, donde, aliás, ele nunca saíu, diga-se em abono da verdade. Guedes estava lá para bater palmas ao Mendes, era essa a sua função canina, e o olho macroscópico dos media captaram esses sinais vezes sem conta.
Será que Santana seria uma boa opção para o PSD, para o governo socialista e para o País? Não creio. Explicitarei porquê.
Santana Lopes é hoje um homem tão cansado quanto esgotado, fala acerca de tudo, é uma espécie de especialista em generalidades, ninguém o respeita, dos media à demais oposição e à sociedade em geral. Enquanto PM foi uma lástima, seja no plano técnico, político e cultural. Só aquela tomada de posse no Palácio da Ajuda foi digna duma sessão de psiquiatria do Júlio de Matos, enquanto primo inter pares não tomou uma medida infra-estruturante da sociedade portuguesa, não deixou marcas. Os odores que deixou foram para esquecer. Daí que a imagem que ele deixou para o interior do seu próprio partido foi nefasta, corrosiva e auto-destruidora. Para o País a coisa também ficou clarinha como a água.
É óbvio que no plano dos interesses do PS Santana - como líder fraco que é, poderia servir os interesses de Sócrates, que agora teria uma oposição parlamentar mais genérica, difusa, sem qualquer domínio dos dossiers e dos problemas específicos que afectam Portugal e a Europa.
Também aqui, em rigor, nem o PS (enquanto governo) nem o País - ganhariam realmente nada com Santana a fazer mais um número de circo no hemiciclo da AR só para ganhar visibilidade e, no termo da legislatura, já com Meneses agastado e rebentado pelas costuras, ser ele, o grande Santana, a tomar a dianteira e fazer dois lances:
1. Dar a estocada final no Meneses, que serviu apenas de trampolim para Santana subir a colina;
2. E, num 2º movimento, tentar enfrentar Sócrates (nas legislativas) - que o voltaria a trincar ao pequeno-almoço como sucedera há dois anos, em que nem os truques ofensivos e canalhas (suspeição de homosexualidade e os fumos de corrupção no shopping FreePort de Alcochete) que a campanha de Santana utilizou - chegaram para desvalorizar a proeminência de Sócrates que ganhou em toda a linha.
Ou seja, a presença de Santana na vida pública nacional é má para todos: má para o PSD - que não vê nele nem credibilidade nem refrescamento de ideias e projectos para Portugal (senão ambição de poder pessoal, é do que se trata, nada mais); má para o governo PS - que assim também não poderá contar com uma oposição à altura para fiscalizar o governo e propor medidas alternativas nos mais variados domínios das políticas sectoriais; e má para ele próprio que demonstra à nação, once again, que está profundamente dependente da política para viver, revelando com isso que não sabe fazer mais nada na vida.
Lamento referi-lo, mas hoje Santana Lopes é um nado-morto da República, um homem-cato de quem todos se querem afastar, um passivo tremendo na vida pública, estou em crer que nem o BE o aceitaria para seu assessor quanto mais para líder "para-lamentar".
Isto reflecte, por extensão, outra desgraça política: o ponto de inteligibilidade que Meneses tem ou faz da política, dado que ele nem se apercebe que ao viabilizar Santana no grupo parlamentar está a encomendar o seu próprio caixão político, o que não deixa de ser mais um favor que este miserável psd faz a Sócrates.
PS:Há dias o País ficou a saber que Meneses tinha um blog, mas a forma como nele utilizava conteúdos copiados da wikipédia sem sinalizar as fontes é lamentável. Depois veio-se a saber que não era ele, Meneses, quem o escrevia mas um amigo. Hoje sabe-se que Santana também tem um blog, seria desejável - dada a simetria de comportamentos entre ambos, que não se viesse a descobrir replicação de métodos e de procedimentos. Seria mais um tiro no pé, e nós aqui não desejamos mal a ninguém.
Já agora, como é que se chama o blog do Santana Lopes...
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Andy Williams - Can't Take My Eyes Off You (Oct. 1967)