sábado

Os pais de Madeleine são os suspeitos de terem morto a filha. Reviravolta no caso Madeleine McCann. MUTABILIDADE DA OPINIÃO PÚBLICA: BESTA-BESTIAL

UMA HIPÓETESE TERRÍVEL, UMA MONSTRUOSIDADE... A SER PLAUSÍVEL.
Gerry e Kate negam-no e consideram as acusações “absurdas”. Mas não conseguem contrariar a cadência de provas, ainda que circunstanciais, que a polícia tem reunido nas últimas semanas. Tudo aponta para a morte da criança no apartamento e para o facto de o cadáver ter sido sucessivamente mudado de local. O que poderá explicar a existência de sangue de Maddie no carro, que poderia ter sido obtido por contaminação, por exemplo de uma peça de roupa que a menina vestisse no momento da morte.
No entanto, sem que seja encontrado o corpo, dificilmente as autoridades avançam para outras medidas de coacção. Querem evitar a repetição do caso Joana e a chuva de críticas e até de suspeições que então se levantaram. O facto de se tratar de dois cidadãos britânicos também leva a Polícia Judiciária a assumir atitudes de alguma contenção. As diligências são precedidas de todos os cuidados, de forma a não ferir “susceptibilidades internacionais”.
ANÁLISE DA MUTABILIDADE DA OPINIÃO PÚBLICA NO CASO MADELEINE E CONEXOS...
Como é sabido quando um político não apresenta a obra que prometeu realizar em sede de eleições cai em desgraça e passa de bestial a besta num ápice. O mesmo se passa no mundo do futebol, ao nível dos treinadores das grandes equipas pressionadas que estão para ganhar títulos e arrecadar receita para financiar novo plantel e voltar a ganhar novos título na engrenagem dessa máquina. Esses treinadores quando não conseguem assegurar que as suas equipas sejam os campeões são miseravelmente depostos passando de bestiais a bestas em cagagésimos de segundos, como se de verdadeiros assassinos se tratassem. Muitos deles são até apedrejados e corridos dos estádios à paulada, as multidões em fúria encarregam-se dessas bastonadas e desses mimos e poemas de amor clubístico.
No mundo dos negócios, da banca e da alta finança a coisa fia mais fino, o segredo é maior, a prudência também, e o povo não tem acesso nem se interessa pela filigrana desse tipo de informação mais especiosa, embora estes pequenos-reis também caíam em desgraça, como recentemente vimos quando o velho leão Jardim Gonçalves jogou pela janela fora o jovem alto quadro da Opus Dei, Paulo teixeira Pinto, que teve de resignar ao cargo de presidente do Bcp para evitar mais desvalorizações nas cotações das acções do banco e para se poupar as maiores humilhações. Contudo, saíu com uma reforma choruda, assim até os 10 milhões de tugas desejariam ser humilhados, certamente!!!
No caso dos pais de Madeleine - que envolve uma vida humana, logo um fenómeno irrepetível e sem preço, e que as autoridades portugueses suspeitam de terem morto a própria filha acidentalmente, está a passar-se o mesmo fenómeno de mutabilidade rápida do sentido da opinião pública em relação aos pais da menina, i.é, duma posição de compaixão e de solidariedade activa o povo está a mudar de agulhas e já prepara as facas para acusar os pais da menina que, mesmo sem culpa formada, são já os maiores monstros do Allgarve e arredores.
Isto sucede porquê? Em parte porque a vida é composta de mudança, o sim, o não e o talvez estão na ordem do dia em cada decisão que tomamos. Mas neste caso, que envolve uma vida duma criança, fortemente mediatizado, as paixões estão ao rubro, além da circunstância de estarmos a viver uma fase crítica de um movimento profundo de opinião, desses que transformam a própria natureza das sociedades projectando-a depois nos mais variados factores.
E é certamente esta paixão basculante que explica a mutabilidade das opiniões bruscas que naqueles casos ocorrem nas sociedades contemporâneas. Da política ao futebol passando pelo mundo corrupto dos negócios até ao mistério das mortes sem causa descoberta, so far... Tudo isto serve para bascular essa opinião sempre ávida de mais e mais sangue. O que ajuda a colmatar a falta de projecto e sentido de vida dos portugueses.
Mas é nos intervalos destas calhas que se instala a dúvida, o povo precisa dela como de pão e de circo, alimenta-se e parasita este tipo de situações, o que contribui para engrossar o carácter demagógico das posições e das opiniões, na maior parte dos casos sem fundamento.
Em suma, sou de opinião que esta mutabilidade brusca da opinião pública decorre, por um lado, de elementos racionais (expostos pela PJ, o mesmo deveria ter feito na identificação dos muitos - Rui Pedro - que desapareceram em Portugal..), mas também depende das reacções de interesses, de sentimentos, de emoções e até dos mais fortes e contraditórios instintos que balizam a nossa conduta humana.
Ora, o caso Madeleine - infelizmente - preenche todos os requisitos emocionais que alimenta essa esquizofrenia da opinião pública, apesar de achar que a conduta dos pais da menina sempre me pareceu pouco genuína, cirúrgicamente reservada, contraditória, ambivalente e, por isso, merecedora de toda a prudência que agora a PJ está a ter para com eles.
Uma Mãe e um Pai a quem subtraem uma filha de tenrra idade deveriam, aparentemente, ser mais explosivos nas emoções e nas reacções, mais emocionais, mais temperamentais e não calculistas, cínicos como se se tratassem de judeus que vão alí à 5ª avenida fazer negócio com umas pedras preciosas trazidas da África do Sul ou cedidas pelo Joe Berardo à saída do CCB.
Pela minha parte, confesso, e já o escrevi há meses, não dou nada pela autenticidade das emoções destes pais - que julgo mentirem ab initio. Mas não quero ser injusto, nem me compete julgar seja o que for. Apenas reconhecer que no meu caso não fui daqueles que mudei de opinião com o vento, posto que sempre olhei para estes pais com a desconfiança natural de quem está a vender diamantes na Cova da Moura às 2 da madrugada. A sua linguagem facial dura, rígida e quase autómata, em minha opinião, trai aquilo precisamente pretendem ocultar desde o início: um crime.., ainda que acidentalmente.
Investigue-se, apure-se e punam-se os culpados, porque a ser verdade aquilo para que apontam as hipóteses de trabalho (verosímeis) da PJ - os pais desta menina não cometeram só um crime por terem morto a sua prórpia filha (ainda que acidentalmente), mas cometeram o crime hediondo de terem brincado com o mundo inteiro em directo fazendo-o acreditar que se tratavam dos melhores pais do planeta. E isso, a ser provado, é imperdoável.
E logo no Allgarve onde o Manel Pinho, ministro da Economia anda a tentar vender a ideia de que aquilo é bom, seguro e, doravante, só para a classe A da Europa mais pujante.