quarta-feira

Um poema de Mário Quintana

Esta vida é uma estranha hospedaria

De onde se parte quase sempre às tontas,

Pois nunca as nossas malas estão prontas

E as nossas contas nunca estão em dia…

Nota:

É curioso notar que há uns anos valentes, o nosso Fernando Pessoa dizia algo semelhante acerca da vida, uma estalagem onde aguardamos o fim. Como ele, também parece que nasci num tempo em que se perdeu a crença em Deus, hoje a maior parte de nós escolhe um sucedânea d'Ele nos bens materiais. Por isso, deverei pertencer aquele espécie de homens que estão sempre na margem daquilo a que pertencem. Desta feita, não sabendo crer em Deus, não podendo acertar no Norte - ou dar uma nortada à vida - resta-nos ficar como os outros na orla das gentes, como diz Pessoa, i.é, naquela distância de tudo a que normalmente se chama a Decadência. E não é para aí que tudo converge desde que começamos a respirar...

Dedicamos este poema do Mário Quintana ao nosso amigo José Machado Pais (link), um homem que tem uma homem sociológica impressionante.