quarta-feira

Parece que a Uni nunca precisou tanto do PM como agora: quer "matá-lo" mas só se "enterra" ainda mais.

Nota prévia: Já toda a gente sabe que Socas não agiu de forma clara, porventura beneficiou de algum ascendente por ser secretário de Estado, mas nunca uma Universidade em Portugal precisou tanto dum PM como a Uni, sendo que o mais curioso em toda esta trama e chantagem política e emocional é que o objectivo é "matá-lo" políticamente. Dada a insistência e a forma conta-gotas com que as notícias são ventiladas para os media só se pode deduzir que há aqui mão da oposição. Isto é dos espectáculos mais deprimentes no Portugal post-25 de Abril, porque se transferiu para a cena política o pior dos defeitos das relações pessoais no plano da esfera privada. Chantagem pura e vingança a conta-gotas... Tudo porque o ministro da pasta, e bem, fechou a tasca. Veja-se o artigo de Pedro Correia.
Independente mantém pressão sobre Sócrates
PEDRO CORREIA
As revelações "bombásticas" sobre o currículo académico do primeiro-ministro vão ter de esperar. A meio da tarde de ontem, a prometida conferência de imprensa dos responsáveis da Universidade Independente sobre José Sócrates foi adiada para hoje. Mantém-se, no entanto, o convite do estabelecimento ao chefe do Governo para participar neste encontro com os jornalistas - uma clara forma de pressão da Independente sobre o seu ex-aluno José Sócrates Pinto de Sousa no momento em que o Executivo se prepara fechar a universidade por "manifesta degradação pedagógica".
Na escalada de revelações iniciada há um mês, o semanário Sol noticiou ontem, na sua edição digital, que Sócrates foi aprovado no curso de Engenharia Civil da Independente, em 1996, "com um trabalho de Inglês Técnico feito em casa". Este seria um dos documentos "bombásticos" que os responsáveis da universidade teriam guardado num cofre.
A prova escrita, segundo o jornal, estava acompanhada de um cartão a Luís Arouca com as seguintes palavras escritas pelo próprio aluno, então secretário de Estado do Ambiente do Executivo de António Guterres. "Meu caro, como combinado aqui vai o texto para a minha cadeira de inglês", escreve Sócrates neste que o Sol garante ser o seu "único documento escolar nesta cadeira". O semanário Expresso já havia noticiado que do dossiê do actual primeiro-ministro na universidade constava "um texto em inglês dactilografado e corrigido a vermelho", que foi "apresentado como a prova escrita de Inglês Técnico, embora não estivesse redigido em nenhuma folha de teste da universidade".
Ao fim da tarde, o gabinete do primeiro-ministro distribuiu um comunicado em que confirma a existência deste trabalho, determinado pelo "professor responsável", e "constituiu um dos elementos de avaliação de Inglês Técnico, além de provar que Sócrates "obteve aproveitamento" naquela disciplina. Também ontem, o Expresso on-line reproduziu o fac-simile deste trabalho, redigido em três páginas, e do cartão de Sócrates. O comunicado lamenta a "divulgação avulsa e não enquadrada de elementos pontuais de um processo individual para atingir política e pessoalmente o primeiro-ministro".