terça-feira

O caldo de cultura mafioso em Portugal: quem teme tempestades acaba a rastejar

NUNCA GOSTEI DE MAFIOSOS, VÊ-LOS SÓ EM FILMES NUNCA NA SOCIEDADE ONDE VIVO

Sempre detestei mafiosos, os de esprit - inundados por uma tremenda mania da superioridade (e alguns até adormecem no Macro sem nunca o citarem, é para o lado que durmo melhor) e os mafiosos que nas suas condutas e práticas colidem com os chamados interesses da sociedade. Ora, como se sabe Portugal ainda não é a Sicília, nem os campus das universidades privadas se converteram em terreno de tiro ou de formação anti-terrorista levada a cabo por clans privados que se digladiam entre si ante os olhos da sociedade portuguesa (incrédula no que vê) e a benevolência traída dos alunos duma certa "coisa" chamada universidade. É só desses alunos que tenho pena, e por quem, desde já, me solidarizo. Aliás, esta reflexão, em boa medida, é a pensar neles, e não nos mafiosos de bairro de Chelas personificados naqueles dois clans que já há muito deveriam ter sido levados a tribunal, julgados e setenciados.

São pessoas dessa estirpe que se opõe à lei, como na Sicília, porque pensam que têm preferências por acções privadas - à margem das leis do Estado e da República -; é gentinha que pugna por uma lei privada, à mocada e ao tiro se necessário for, para impor a sua vontade aos demais; é gente que se auto-exclui das boas regras sociais porque entende ter um direito (criminoso) acima dos outros que supostamente os legitima a fazer toda a espécie de chantagem, coação, violência psicológica e outros mecanismos previstos no reportório de gente desta estirpe. São estes os verdadeiros mafiosos à portuguesa de que alguma universidade privada está contaminada. Os portugueses já os conhecem e identificam-nos à légua, aliás, estes últimos 20 dias têm tido esse mérito de mostrar a vitrine mafiosa para as bandas do rio Tejo.

Se atentarmos bem numas palavras de Sócrates - no decurso da sua entrevista - na passada 4ªfeira - compreendemos estes útimos desenvolvimentos. A dado passo dessa entrevista, tendo Sócas ou não o canudo, referiu um verso do saudoso Sousa Franco quando disse: quem tem medo das tempestades acaba a rastejar...

Achei esta expressão oportuna e ao mesmo tempo premonitória para o que se está a passar agora. Em que uma sujeita, que ninguém conhece, ameaça fazer "declarações bombásticas" que alteram o curso da história. Porque se supõe que o PM, afinal, ainda não disse tudo, e é o interior do cofre (re)descoberto por aquela sujeita que irá fazer a impressão a lazer da verdade por que espera a Nação. Francamente, isto já não é ser mafioso, é ser trauliteiro/a no pior estilo do bairro de Chelas - sem desprimor para as pessoas de bem que lá vivem, obviamente.

Os portugueses não são parvos, é sabido que o ministro Mariano Gago, e bem, percebeu que aquela coisa já não era uma universidade, mas um antro de pistoleiros corruptos e de cobras envenenados com diamantes à mistura que de ciência e de projecto pedagógico nada tinha. Se se chama aquilo uma universidade também tem que se chamar a MMendes e a SLopes estadistas, e sabemos que isso não é verdade.

Paralelamente, o tempo legal previsto na lei para determinar o encerramento definitivo da "coisa" está a expirar, e como a tutela (e bem) não muda de posição - alguns chantagistas do interior dessa "coisa" (cujo vice-reitor ontem no Prós & Contras parecia desconhecer!!!! então para raio o homem é reitor?) resolveram abrir mão do último recurso: chantagear o ministro Mariano Gago - e através deste o PM, Sócrates, e todo o governo de Portugal que goza duma maioria absoluta. Isto é, pura e simplesmente, inacreditável e inadmissível. Mesmo, no pior dos cenários, que se prove que Socrates tenha usurpado o título, coisa em que não acredito.

Perante este cenário verdadeiramente mafioso, povoado de actividades ilegais - o que diz o líder da oposição Marques Mendes e aspirante a PM de Portugal? O que dizem os pretendentes ao trono do PSD - sLopes e menezes?? Nada: acobardam-se sob o seu silêncio cúmplice (fazendo aquele jogo dos mafiosso) com vista a dua coisas: por um lado, minar mais rápidamente o caminho ao seu inimigo interno, MMendes; por outro, desgastar a imagem pública do PM - que está no Magreb a tratar de questões importantes de segurança nacional.

Confesso que todo aquele ambiente emanado daquela "coisa", aqueles comunicados portadores de chantagem política e emocional, são verdadeiramente reflexo da personalidade das pessoas que alí mandam ou mandaram. Recordamos aqui que MMendes deu lá aulas em 1995, tinha a obrigação ou o dever ético-moral de serenar aqueles mentes tão perigosas quanto perdidas. Hoje tem-se aproveitado oportunisticamente desse caldo de cultura mafioso para destruir pessoalmente o PM. Revelou, ele sim, mau carácter, mau íntimo e perfídia. Confesso que isto me surpreendeu vindo dum político que tinha por moderado e equilibrado, mas que ora se converteu num petit talliban da São Caetano à Lapa.

Mendes, Lopes, os belmiros do jornalismo persecutório que vegetam por aí, os apaniguados da Carna-sic de balsemão que treina "jornalistas-Pitbull" (que é uma expressão interessante do Jumento), alguns bloggers que têm o cérebro do tamanho duma ervilha e que apenas raciocinam com o pénis e só desejam fama fácil, são os mesmíssimos tipos que, directa ou indirectamente, acabam por sufragar as condutas de opressão, de arrogância, de ganância, de enriquecimento em causa própria, de manipulação simbólica, enfim, os fautores dum verdadeiro caldo de cultura mafioso que desconhecia existir em Portugal. Isto, meus senhores, em bom português, mete nojo. Significa que enoja, gera repulsa.

A máfia não é, de facto, um conceito vazio e abstracto, nestes últimos 20 dias tenho-me apercebido (não obstante as trapalhadas do PM e dos seus néscios assessores) da vontade de sangue e de vingança mesquinha dos portugueses, numa espécie de revolta das salamandras, numa espécie de triunfos dos porcos - em que os animais somos nós - e que agora têm a sua grande e única oportunidade de se vingarem dos políticos que temos.

Compreendo que não gostemos de pagar impostos, eu se pudesse enganava o fisco a cada segundo e até metia um fogete no rabo de Teixeira dos Santos com direcção ao Iraque da guerra civil de Durão barroso e de g.w. Bush (e também não pagava a roubalheira do IMI; estava a pensar comprar uma moradia na praia, assim já não compro..), mas, confesso, este clima persistente e cirúrgico de atingir a pessoa de Sócrates já raia a actividade criminosa, regida por regras não-escritas mas implacáveis com vista a destruí-lo no sistema político porque, pura e simplesmente, o ministro Mariano Gago, e bem, decidiu encerrar compulsivamente aquele antro de corrupção.

Creio que a Polícia Judiciária, o Ministério Público e os Tribunais têm a obrigação de intervir rápida e activamente para meter na ordem um agrupamento de pessoas cuja principal finalidade não é ensinar ou gerir ciência e produzir conhecimento, mas destruir o PM legítimo de Portugal. Quer se goste dele ou não, seja engenheiro ou apenas licenciado.

O dr. Mendes, o dr. balsemão, e o engº Belmiro terão de perceber uma coisinha simples: todo o dinheiro, influência, poder e autoridade que possam ter somado não chega para limpar a esquina da Liberdade e da Democracia Pluralista em Portugal. Eu, no caso deles, teria, doravante, o maior dos cuidados. Já vi muito empresário cair do pedestal com espirros de jornalistas, e podres, feliz ou infelizmente, toda a gente tem.

Nota: O adiamento, sine die (para coincidir com o regresso do PM da Argélia), das tais "declarações bombásticas" por que Portugal treme, só revela o carácter pérfido e os métodos mafiosos dos seus fautores. Recorrem à chantagem política e emocional e à vingança pela dita universidade ter sido encerrada. Presumo que se Mariano Gago invertesse o sentido da decisão a actual direcção daquela "coisa" - que não tem credibilidade alguma, lhe serviria Champagne e caviar. E o mais grave é que isto não é apenas um modus operandi pontual, mas consubstancia algo de patogénico nos portugueses, o que lamento profundamente. Camões terminou Os Lusíadas com a palavra que, infelizmente, volvidos 500 anos, ainda melhor nos definem: a inveja. Eu diria outra que aqui a minha educação me inibe...