segunda-feira

Notas Soltas

Hoje Judite de Sousa ia cometendo o mesmo erro que os seus colegas a semana passada cometeram na entrevista ao PM: arrastar uma questão secundária para o domínio da política activa, e teve António Vitorino que no final referir que desejaria deixar uma nota sobre terrorismo para a Judite perceber bem a importância relativa da estrutura das suas doutas questões sobre a forma como o PM conseguiu as suas habilitações. A dada altura fiquei com vontade de perguntar a Judite como é que ela acha que o seu marido conseguiu fazer-se eleger para Sintra... É óbvio que a resposta reside no meio mafioso da futebolítica que anda de mão dada com a construção civil, as autarquias e muitas coisas se conseguem por esta via, até eleger um presidente de câmara de Sintra do cds que é eleito pelo psd, enfim, um verdadeiro aborto político.
Mas não estraguemos a pintura, pois um dia a drª Judite (creio que é doutora ou é só licenciada?!!) terá oportunidade de entrevistar o próprio marido e perguntar-lhe isso em directo (será que Seara já fez o mestrado ou doutoramento, ou é só licenciado?!), como fez com Valentim, aos berros. Mas como António Vitorino é educado não fala em sobreposição. Todavia, com Judite, ao menos, existe uma virtude que não detecto com Maria Flôr Pedroso: é a Judite que faz as perguntas e também dever eleger os temas; com Marcelo a jornalista Flôr apenas serve de câmara de eco dos temas e das questões que Marcelo lhe envia por fax, pois em 2006 Marcelo ainda não sabia enviar mails, era tudo por fax. Enfim, são procedimentos, cada qual tem os seus.
Mas com isto já me perdi. Quanto à essência das palavras de AV valerá a pena sistematizar:

1. Socas esclareceu de forma convincente as condições da sua licenciatura. Se houver rabo escondido o povo português puni-lo-á em 2009 - em função dos seus critérios éticos, morais e também políticos;

2. Não beneficiando de nenhum regime de excepção nem usurpando títulos presume-se pela normalidade aplicada aos demais colegas, mas amanhã uma "topeira" de serviço debitará mais porcaria no ventilador desta novela sul-americana, e não me admiraria nada que um gabinete perdido do grupo para-lamentar do Psd na AR tivesse atascado nisto até ao pescoço. Sobretudo, a avaliar pela forma execrável - na forma e na substância - com que MMendes se aventou vorazmente para o banquete, fazendo supor que era mais um jornalista Pitbull treinado pela sic de Balsemão do que um candidato a PM de Portugal. Teve azar... Mendes, como referimos hoje no nosso editorial, é o coágulo da globalização e começou a cavar a sua própria sepultura política;

3. De futuro as relações entre S. Bento e o líder do maior partido da oposição ficarão completamente tolhidas, pois se a coisa fosse comigo quando tivesse de falar com Mendes arranjaria um emissário para lhe entregar umas notas, mas à minha mesa aquele funcionário cinzentão do Psd - que partilha as cumplicidades dum antonho Preto, jamais se sentaria à minha mesa. E é muito provavelmente isso que Socas irá fazer, com ou sem canudo. Pois o homem foi eleito para ser PM de Portugal, e obteve uma maioria absoluta, e não para leccionar a cadeira de estruturas de pontes no IPSD ou dar explicações a Mendes acerca da resistência dos materiais. Este Mendes não acerta uma.

4. Fica claro que quer LFMeneses quer SLopes tiraram imediatamente o tapete a Mendes que agora anda com imensas cascas de banana dentro do psd. Aliás, se se fizer uma pequena sondagem no interior deste psd oficial duvido que existam muitas outras pessoas que apoiem Mendes para além da deputa da Zita Se abra. É a vida. Mendes violou uma regra básica em política. E a credibilidade é como a virgindade, uma vez perdida...

5. Cavaco está a inaugurar um novo modus operandi de fazer política a partir de Belém: promulga os referendos mas... demarca-se. É como aqueles meninos que estão a comer um gelado mas só pensam no gelado do colega do lado. A dada altura percebe-se que é mais olhos do que barriga. O dele derrete, e o outro é comido pelo outra criança. A não ser que Cavaco queira ir contra a expressão duma maioria só porque se formou nos elevados princípios morais e religiosos da Uni. Católica, na Palma de Cima. Safa... Este Cavaco ainda tem de ler os clássicos até conseguir ser congruente e, já agora, receber um banho (ou um boião) de cultura que por vezes é falho. Aqui, infelizmente, os assessores também não ajudam. A maior parte deles são burocratas cinzentões, ou cinzentões burocratas.

6. Quanto ao referendo do Tratado Constitucional europeu também aqui a doutrina se divide: o governo diz que tem um compromisso eleitoral pelo sim; o prof. doutor Cavaco é contra o referendo que a CRP parece não acolher. We shall see...

7. Por último, talvez a questão mais importante que a drª Judite deveria ter percebido ab initio, e não comportar-se como um Valentim Loureiro do jornalismo televisivo com apetência para o jôio e secundarizar o trigo. Por isso defendemos aqui há dias uma renovação dos jornalistas políticos, porque com estes cêpos o machado já não corta, quer dizer, está rombo. Provavelmente, o problema é do machado...
É que enquanto o actos terroristas em Marrocos resultaram de actos reactivos pela pressão das forças de segurança, espelhando algum amadorismo; na Argélia, ao invés, esses actos tiveram diferente natureza e outro alcance. Ou seja, foram actos terroristas mais sofisticados que atingiram o gabinete do próprio PM e, segundo se supõe, teve por autor o grupo salafista obedecendo a uma ala da Al Qaeda activa na Argélia.
Se a drª Judite pensasse no gáz natural que queima na sua casa para cozinhar as suas omeletes ao marido e que vem dum pipe-line da Argélia que pode a qualquer momento ser rebentado, talvez a senhora redefinisse mais eficientemente a treta da sua agenda-setting quando entrevista um homem do calibre de AV que, além do mais, é uma pessoa educada, pois até se cala quando ela fala. Por momentos pensei que a entrevistada é a própria Judite. Um dia o autarca de Sintra ainda a entrevista, estou certo que o ego de ambos sofrerá uma dilatação de geometria muito variável.
Onze valores para Judite.
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Já agora quem é doutorado no hemiciclo de S. Bento???
Parlamento só tem onze verdadeiros doutores (link)
Pedro Correia
Apenas 11 dos actuais 230 deputados podem, em rigor, ser considerados doutores. Por terem concluído o doutoramento em várias especialidades. São menos ainda do que aqueles que apresentam só os estudos secundários como habilitações literárias - 16 no total.
Alguns optam por um registo lacónico, limitando-se a informar que são licenciados, sem especificar em que área. E há dois que omitem as habilitações literárias no site oficial da Assembleia da República: Renato Gonçalves, deputado do PS pelo distrito de Setúbal, e Zita Seabra, que representa o PSD em São Bento.
"Tenho o antigo 7º ano [actual 11º ano] e não prossegui os estudos porque aos 17 anos entrei na clandestinidade, como militante do PCP, como toda a gente sabe", justifica Zita Seabra em declarações ao DN. A deputada prefere acentuar a profissão no seu currículo: é editora.
Os bloquistas Fernando Rosas (História Contemporânea) e Francisco Louçã (Economia), os socialistas Manuel Maria Carrilho (Filosofia), José Lamego (Direito), Maria Carrilho (Sociologia Política), Bravo Nico (Ciências da Educação), Cecília Honório (História das Ideias Políticas) e Matilde Sousa Franco (História da Arte), os sociais-democratas Mota Amaral (Ciências Económicas), Mário Patinha Antão (Economia) e Luís Fagundes Duarte (Linguística Portuguesa) são os verdadeiros doutores de São Bento. [...]