sexta-feira

O absurdo do absurdo: os neocensores do regime e o analfabetismo digital

Passei ali pelo Jumento para ver o que havia de novas e deparo-me com um blog de alguém que nasceu em 1966, eu também. Tem formação técnico-jurídica, escreve bem, o que não sucede com todos os advogados ou técnicos do direito, ou até majistrados e procuradores que às vezes tropeçam nas palavras com as mãoes nas verilhas, apresenta diversos casos que revelam peripécias do nosso quotidiano, é objectivo, e, acima de tudo é reflexivo deixando-nos a pensar com os casos que narra. Dizem agora que o blog é obsceno porque eivado de linguagem imprópria...
Meu Deus, que pena me dão estes censores de pacotilha, estes novos bárbaros que confundem chats com blogues, blogues com cartas anónimas, qualquer dia essa gente, infelizmente alguma dela é demasiado impreparada para compreender as dinâmicas societais do nosso tempo e registar que grande parte da criminalidade e dos desvios passa pelo rizoma virtual, nem sabe o que é a @. Sublinho aqui que o PGR, o sr. Pinto Monteiro ainda no outro dia numa Comissão especializada da AR, depois de admitir que era um leigo, eu diria completamente ignorante senão mesmo medieval, acerca dos equipamentos de informação e comunicação do nosso tempo, comparou os blogues às cartas anónimas, seguido da seguinte asserção: eu tenho uma Senhora que me faz o trabalho...
Pergunto-me se haverá maior obscenidade do que esta em pleno III milénio?!
O Conselho Superior de Majistratura cuja média de idade desconheço, mas aposto que deve ser constuída por pessoas que além do rato e do teclado devem desconhecer tudo o mais num PC e supõem que a Net é transportada pela cegonha dos bé-bés, devem ser os mesmos neocensores que agora, qui ça em articulação com alguma alminha vingativa e ignorante da Procuradoria que odeia blogues, mandou instaurar um processo disciplinar ao autor do Aqui e Agora.
E ainda bem que o fizeram, assim, em tese, se revela mais um caso de ignorância informática, analfabetismo digital, sobranceria, quiça inveja, que reina nas corporações do Estado e, com o tempo, veremos o ridículo em que acabaram de se meter. Estejamos atentos porque ainda a procissão vai no adro...
Um adro com um toque meio pidesco e salazarento que cheira a lápis azul.