sexta-feira

Teoria da convergência: andamos todos ao ....

Hoje tive de ir à Universidade entregar uns resultados e pelo caminho lá apanhei algumas pessoas que me sinalizaram aquilo que já sabia, mas estava adormecido. Ou seja, todos pretendemos muito dinheiro, muita saúde, segurança, sucesso, se possível alguma fama, pujança física, reconhecimento e ainda aquilo que preocupou sobremaneira Aristóteles: a felicidade. Quer isto dizer que todos, afinal, queremos o dinheiro suficiente para comprar tudo aquilo que desejamos. Além dos amigos, claro está...
Todavia, daqui emerge uma questão: se todos queremos o mesmo, por que razão nos metemos por vias opostas para lá chegar? Ou seja, por que razão nem todas as pessoas conduzem um Aston Martin ou gerem a Sonae com., ou têm uma posição de Administrador da PT - ou ainda - de forma mais séria e sólida gozam da inteligência e talento de António Vitorino?
Por que razão não praticamos todos a mesma religião, vivemos nas mesmas casas, usamos as mesmas roupas, andamos com as mesmas mulheres/homens ou viajamos para os mesmos destinos?
Há aqui uma falha de mercado, como diria Joseph Stiglitz, dada a incapacidade de a teoria sociológica disponível conseguir explicar a máxima potência da diversidade existente:a diversidade profissional, de status, de rendimentos, de gostos, de bem estar, de bom gosto e até de capital-humano, dado que todos nós somos iguais à nascença mas, na realidade, afirmamos depois potenciais operacionais na sociedade muito diferenciados.
A grande questão que aqui se pode colocar é esta: se queremos todos o mesmo, por que razão escolhemos caminhos diferentes para chegar a bom porto? Uma explicação possível que justifica o modo como as coisas realmente acontecem é a que defende que, afinal, nós não queremos as mesmas coisas. No fundo, nem todos querem aquele Aston Martin, nem todos desejariam ser administradores da PT a ganhar 3 ou 4 mil cts mês, nem todos gostam de roupa Zara ou têm os mesmos gostos e ir almoçar à Portugália. Cada um de nós é um poço de diferenças, de valores, de normas, de pressupostos, de ideias - para aqueles que as têm, bem entendido!!
Significa isto que apesar de querermos todos muita saúde, muito dinheiro, muita segurança, amigos e o mais depois apresentamos diferentes cosmovisões que são, por seu turno, influenciadas pelo nosso background, pelas experiências que vamos tendo ao longo da vida.
Toda esta estória para sumariar a coisa desta forma: em rigor, a visão de que cada um de nós é portador, a lente de cada um é que revela o mundo de cada qual, e é em função dessa lente particular a A, a B, a C, etc... que acreditamos (ou não) em algo. Quantas e quantas vezes as lentes distorcem aquilo que vemos, deturpando também a realidade que julgamos capturar de forma integral e objectiva.
Eu, por exemplo, não me importaria de ter aquele Aston... Afinal, andamos todos ao mesmo!!!