As decisões editoriais da RTP
É suposto que uma estação de tv tenha critérios qualitativos de convidar e de agendar pessoas, temas ou factos de interesse público, para os debater e esclarecer junto da opinião pública. Fazer isso através de S, Lopes e do seu livro - depois de tudo o que se passou, diante dos olhos dos portugueses - só poderá ser um exercício de mau gosto editorial sem nenhum interesse público: seja informativo, formativo ou opinativo. Já demos para esse peditório - dirão os milhões de portugueses. Então para quê perder tempo?!
Não existindo, objectiva ou subjectivamente, qualquer interesse jornalístico nesse tema: um livro autojustificativo sobre a história política mais negra do post-25 de Abril - serei forçado a concluir que a RTP está cedendo a um favor que pode assumir múltiplas motivações ou demandar certos objectivos que desconhecemos:
1. Gerar polémica e instalar conflitos gratuitos na sociedade lusa para quebrar a monotonia em que caímos;
2. Especializar-se em intriga política;
3. Dar nas vistas para aumentar o share da rtp e, assim, aumentar as receitas de Pub., e secundarizar as estações concorrentes - sic e tvi;
4. Por estupidez natural decorrente da incapacidade de distinguir um facto de um aparato, uma essência de um embuste, um trombone dum carrinho de linhas, uma ilusão duma imagem;
5. Alzheimer mitigado com Parkinson;
6. Levar Santana de novo ao Poder para transformar S. Bento numa permanente comédia negra, motivo de entertenimento para as tvs - que assim venderiam mais Pub. e arrecadariam mais receita;
7. Ou ainda por razão incerta ou desconhecida, como sucede áqueles maluquinhos na aldeia que fogem sem motivo e nunca mais aparecem para desgosto de todos - que assim ficam privados das garçolas e do gozo à custa da desgraça alheia.
Faço um sério esforço para perceber as razões que subjazem à RTP convidar SL para a grande entrevista, em horário nobre, e confesso que não encontro outras motivações ou razões. A ser assim creio que a rtp mais não faz do que "matar" o pensamento, a criatividade, o common sense aos portugueses - baralhando-os, confundindo-os acerca do que é um facto de interesse público do que é um trombone ou um carrinho de linhas.
Julgo que não se escapa ao dinheiro só por se estar sem dinheiro ou, mais grave ainda, sem ideias...
Cremos, contudo, que a RTP faria melhor serviço público se não incluisse no seu agenda-setting casos de realidade encenada - a meio caminho entre o irreal e o dissimulado - do tipo conversa de vendedor ou de ex-políticos em talk-shows. Para isso seria melhor pedir de empréstimo à sic aquela vedeta que se despedia quando apresentava a meterologia. Os portugueses vibrariam muito mais.
É também este o Portugal que temos fornecidos pelas estações de tv que andam por aí..., à solta.
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