Uma nova lente: a globalização competitiva
Para uma Teoria da Globalização Competitiva
Qualquer que seja o nível, âmbito e qualidade da discussão essa matriz de consciência global denominada (paradigma) da globalização - vem sempre à tona: economia, política, segurança, ambiente, desenvolvimento, democracia, finanças, futebol, música, literatura tudo hoje comporta uma dimensão e projecção global, sistémica, holística recortando alí aquele globo num movimento em espiral. Se olharmos para trás vemos que o séc. XX findo representou essa manifestação de consciência global dos problemas que hoje envolve a relativização dos aspectos individuais e das referências nacionais por relação ao conjunto. Daqui decorre um tecido conjuntivo, uma cultura e um pensar globais que nos assaltam sempre que tentamos tomar conta de qualquer assunto ou problema. Aqui relevam quatro dimensões: 1) a questões do "eu" inscritas no plano individual; 2) as questões derivadas da sociedade nacional; 3) as questões referentes ao sistema internacional; 4) e as questões mais envolventes reportadas à humanidade em geral. O conjunto destas quatro dimensões representam aquilo que se denomina o campo global, a grande narrativa, daí a variedade de questões que temos de considerar nessa análise. (1) O indivíduo - é definido como um cidadão da sociedade nacional por comparação aos cidadãos doutras sociedades, com diferentes velocidades de modernização, crescimento e de desenvolvimento. Este efeito de comparabilidade gera automáticamente um olhar para a vitrine do mundo, a fim de compreender como é que nós próprios ficamos nessa fotografia. (2) A sociedade nacional - coloca problemas de relacionamento com os cidadãos em termos de delimitação das liberdades, da segurança (mormente por causa da ameaça global em que o terrorismo em rede transformou o mundo). Também aqui se gera uma consciência global dos problemas e do papel que nele desempenhamos. (3) O sistema internacional - depende directamente da soberania nacional em confronto com as demais soberanias nacionais - que ora cooperam ora entram em competição e até em conflito entre si para ditar as suas regras, impôr os seus interesses, projectos, aspirações e cosmovisões. É o campo do poder das velhas soberanias. (4) Por fim temos a unidade analítica maior -a Humanidade - (o mundo em si) - que não deixa de ser perspectivado em termos de direitos individuais sancionados pelas respectivas sociedades nacionais e legitimados pelo sistema internacional. É o conjunto destas variáveis a interagir entre si que nos permite compreender o caso CIA e as posições relativas que cada um dos actores procura tomar nessa questão. Mostrando, ao mesmo tempo, que qualquer questão, mormente as de natureza transnacional/global (e o terrorismo assume essa natureza e dimensão) - nos projecta contra essa metáfora da Globalização Competitiva (GC) que opera na arena como a face de janus, esse deus de duas caras espelhando risco e confiança. E é sob esse misto de risco e confiança que temos de construir conceitos, teorias, hipóteses de trabalho que possam ir para além das análises do passado, em que os modelos analíticos eram lineares e constantes e se sabia ao certo quando e como é que a economia crescia ou se estava na iminência duma guerra, quase sempre precedida de declaração formal comunicada às partes. Hoje o efeito surpresa é a regra. Actualmente, a teoria da GC é ao mesmo tempo um processo (irreversível), uma estratégica (atingir objectivos) e oferece um quadro de referência político norteador das sociedades. Vectores esses guiados por forças impessoais, por normas e pelos mercados. A mudança (simbólica) relativamente ao passado reside aqui:
É que deixámos de dispôr do controlo sobre qualquer acto individual ou de grupo no contexto da sociedade (doméstica e internacional). Reconhecendo neste plus a incerteza, logo o risco e a contingência, que o homem de transição - do séc. XX-XXI - se coloca nas mãos do mundo inteiro, dos seus semelhantes. Claro que se todos confiarem uns nos outros aumenta a previsibilidade dos agentes e o bem-estar colectivo; se, ao invés, o homem se comportar como o lobo do homem, como ensinava Thomas Hobbes no séc. XVII - a desconfiança, o risco, a incerteza, o medo e a violência instalam-se em todos e em cada membro duma sociedade. Daí deriva o tal risco global sistémico cuja principal ameaça é o terrorismo global. Mas o pior é o medo que temos do próprio medo...Gerando o pânico que é a seiva que alimenta os agentes globais do terrorismo errático e apocaliptíco do III milénio.
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