terça-feira

O cherne banco-burocrático

Todo o projecto narrativo assenta em algo: numa base, num cavalo de pau, numa ideia, numa ideologia, num favor, numa cunha, numa promessa de um emprego na banca a ganhar três vezes mais do que como secretário de Estado, num cagalhão treinado nas ruas de Campo d'Ourique, whatever...

Assenta sempre em algo explícito (o que se vê) e em algo implícito (o que se esconde). Ora, é precisamente nesta coexistência (visto/escondido) do denotado e do conotado - que entra o semiólogo, o hermeneuta, aquele que levanta a crosta e vê o micróbio esgravatando por baixo. Hoje essa crosta constou da notícia de que o SEAF concedeu mais uma benesse à banca isentando-a escandalosamente da contribuição fiscal, que não é extensiva ao contribuinte comum. Veremos, com tempo, o que se esconde sob aquela tampa. Que pode ser mais um tacho para um ex-presente-futuro-governante. E é aí que se descobre a parte restante da verdade que revela ao leitor a racionalidade da narrativa. Para já temos um Cherne - com boca de Charroco - e um tacho. Qualquer dia haverá combustão, e alguém terá de cozinhar o cherne. E quando isso suceder, o Macro até já sabe quem vai cuspir as espinhas, pelas narinas e pelos ouvidos. Some day, some day...