domingo

As mentiras do Império e os 6 princípios de realismo político de Hans Morgenthau

in Expresso
Rice enganou Portugal
Um documento secreto revela que secretária de Estado dos EUA ocultou a verdade, quando Lisboa questionou Washington sobre o caso dos aviões da CIA que usaram o espaço aéreo luso
.
14/10/2006
"De acordo com o "Expresso", o documento descreve um jantar entre Condoleezza Rice e os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE e da NATO, num evento onde o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, perguntou a Rice o que se passava com os voos da CIA.
Freitas queria respostas, de modo a poder justificar os factos junto dos deputados portugueses que o iriam questionar. Rice deu-lhe a resposta combinada política e diplomaticamente, omitindo a criação de um programa liderado pela CIA e que visava transportar prisioneiros em países estrangeiros.
O semanário adianta ainda que os novos responsáveis pela diplomacia portuguesa declinaram esclarecer o caso ao jornal, deixando as justificações para o momento oportuno em sede parlamentar. Por seu lado, os EUA recusaram fazer quaisquer comentários à notícia.
Recorde-se que uma comissão temporária do Parlamento Europeu tem a missão de apurar responsabilidades de dez países europeus em casos de "sequestro, afastamento, rapto e detenções ilegais de suspeitos de terrorismo" efectuadas pela CIA no âmbito do combate ao terrorismo e à margem do Direito Internacional".

Notas Macroscópicas:

1.

Então mas a opinião pública portuguesa ainda esperava que o Império era um manto de sinceridade e transparência!!! Claro que quem dispõe do poder manipula a informação em função do seu interesse vital, do seu interesse nacional, da sua razão de Estado, como diria Maquiavel ou Talleyrand. E às vezes fá-lo em função das suas paixões, desejos e impulsos. E isso era completamente indiferente à operação às costelas de Freitas do Amaral que, apesar de ser um homem intelectualmente preparadao, sempre que vai para a política faz lembrar aquele elefante numa loja de porcelanas... Sugira-se a Freitas que permanece em repouso absoluto na Quinta da Marinha pensando e escrevendo peças de teatro e livros sobre a fundação da nacionalidade. Com um pouco de jeito ainda descobre que Durão antes de militar no maoismo tinha sido do pc Albanês, o que não deixa de ser um grande contributo para o revisionismo da história do comunismo contemporâneo. E eu a pensar que o único (verdadeiro) comunista tinha sido um Homem excepcional que viveu há 2000 anos e morreu aos 33 anos: Jesus Cristo.

2.

Os interesses da América nem sempre estão em harmonia com os interesses da Europa, muito menos com os interesses nacionais de Portugal, que para o caso do Império nem sequer existem. Mas que "amanhã" até pode ser visado por uma acção terrorista na sequência do seu assentimento (tácito) à alegada violação do espaço aéreo pelos EUA.

3.

Depois achamos deveras estranho que não seja o sr. Durão barroso, o "transmontano de Bruxelas", como já é conhecido no meio, o primeiro dos primeiros a ser inquirido no âmbito desse inquérito levado a cabo pela tal Comissão Temporária do PE dirigida pelo seu amigo (e carreirista) Carlos Coelho. Está a lí mesmo ao lado. Aproveite-se e sugira-se a C.Coelho que termine a porra da licenciatura. Hoje até por correspondência isso se faz. Mas desaconselhamos Espanha, cuja compra de canudos de doutoramento tem dado imensa barraca no burgo.

4.

Em política, mormente em Política Internacional, o governo português - seja de direita conservadora (PsD) ou de direita mais vanguardista (PS), já devia ter percebido que fazer jeitassos destes a amigos poderosos pode ter um efeito de boomerang perigoso, dado que a globalização também comporta uma difusão invisível e errática da violência e da ameaça para atingir todo o Ocidente e as sociedade do Velho Continente em particular. Portugal acho que integra esse velho continente... Por vezes, mentir não é mais do que anteciparmo-nos à verdade, foi isso que a Srª "Arroz" fez. Até porque toda e qualquer mentira é o que é: uma ficção. E se ela não existisse, especialmente na esfera da alta política, a verdade também não teria o mais pequeno interesse.

5.

Em face do exposto pergunto-me se a Srª Rice está mesmo tentada a depositar aquela malagueta, como sugeria o Jumento ontem no seu editorial, nos orifícios mais húmidos. É que se quando se dizem as verdades o resultado é o que é, não chego a perceber porque é que se dizem tantas mentiras. E agora é o "desgraçado" do ministro Amaro, que até tem um ar sereno e aristocrático, que tem de responder pelos erros estratégicos cometidos pelo sr. Durão, o tal que violou um contrato político com o povo português para ir tratar da sua vidinha em Bruxelas. E de lá só nos dá uma imagem: o de estivador da Europa que fez os fretes ao Império sem que daí resultasse um benefício líquido (em segurança, modernização ou desenvolvimento) para a Europa ou até para Portugal. Ao invés, a insegurança só aumentou e o terrorismo em rede multiplicou-se. Mas o saldo é positivo para Barroso: hoje ganha 5 mil cts/mês, antes só ganhava 1200; hoje vê o mundo a partir da Europa, antes tentava enxergá-lo a partir das janelas perras de S. Bento, alí à Estrela. Tudo benefícios, para Barroso, claro!!! E deixemo-nos de "estórias": foi uma tremenda promoção pessoal...

..Agora parece já preparar o seu regresso, para o efeito já colheu o apoio do Papa Bento XVI e o caminho afigura-se bifurcado: ou irá dirigir uma diocese de Fátima - e gerir todos os milagres (passados e vindouros), ou acabará no Gil Vicente - para evitar que não desça de divisão. Vendo bem, barroso não é só o homem de mão dos Americanos na Europa, é também um homem muito versátil em Portugal cujo futuro é ainda verdadeiramente imprevisível.

  • Quem quiser perceber estas dinâmicas em termos de Teoria das Rel. Internacionais encontra em Hans Morgenthau um mestre do pensamento, um clássico sempre actual que ajuda a "despir" as formulações teóricas (mui pouco diplomáticas) da Srª Rice. Vejam-se os seus 6 princípios do realismo político (nada que Maquiavel não tenha descoberto 500 anos antes.., mas enfim!!!) que operam em configuração circular e versam o poder, o interesse e a (a)moralidade subjacente às questões políticas, especialmente as da esfera da globalidade - de que a srª Rice não é mais do que um sinal. Comezinho, mas sinal...

Principles of political realism - by Hans Morgenthau -

Hans Morgenthau formulated six principles of political realism in his book Politics Among Nations.

1. These principles form the base of realism:

Politics, like society in general, is governed by objective laws that have their roots in human nature which is unchanging: therefore it is possible to develop a rational theory that reflects these objective laws.

2. The main signpost of political realism is the concept of interest defined in terms of power which infuses rational order into the subject matter of politics, and thus makes the theoretical understanding of politics possible. Political realism stresses the rational, objective and unemotional.

3. Realism assumes that interest defined as power is an objective category which is universally valid but not with a meaning that is fixed once and for all. Power is the control of man over man and takes many forms beyond physical, hard power.

4. Political realism is aware of the moral significance of political action. It is also aware of the tension between moral command and the requirements of successful political action. Realism is therefore amoral, not immoral.

5. Political realism refuses to identify the moral aspirations of a particular nation with the moral laws that govern the universe. It is the concept of interest defined in terms of power that saves us from the moral excess and political folly.

6. The political realist maintains the autonomy of the political sphere. He asks "How will this policy affect the power of the nation?" Political realism is based on a pluralistic conception of human nature. A man who was nothing but "political man" would be a beast, for he would be completely lacking in moral restraints. But, in order to develop an autonomous theory of political behavior, "political man" must be abstracted from other aspects of human nature.

Image Hosted by ImageShack.us