sábado

Importância crescente da Biometria

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Quem, afinal, rege os nossos destinos implacáveis? As forças do bem ou os “génios” do mal? A nossa existência é sempre em busca de defesa e predomínio. Mas isto jamais se vence com aventureirismo guiado pelo domínio da incerteza. Os previsíveis acontecimentos no sul do Iraque, que feriram Maria J. Ruela (jornalista da SIC) e levaram ao rapto de Carlos Raleiras (da TSF) revelam, à superfície, que os repórteres só deveriam cobrir acontecimentos sob escolta, e nunca aventurando-se sozinhos por entre o caos convidando a morte em directo.
Alguém que saiba da arte os deveria ter informado desse perigo, e que o direito à informação em caso algum se deve sobrepor ao direito à vida. Bem sei que a busca de heroísmo revoga aquele princípio. Não é necessário um curso de relações internacionais ou ser auditor do IDN para o saber. Nem conhecer o Manual do Guerrilheiro Urbano de Carlos Marighella, inscrito na linha da luta dos povos oprimidos pelo Ocidente que importa combater. Basta uma simples conversa com um bombeiro ou uma leitura rápida de um qualquer manual de guerra.
Ainda bem que os visados foram salvos. Num caso a bala não foi fatal, noutro o sequestro foi breve e complacente. Mas foi um sinal de irresponsabilidade (e não de coragem), e quando chegarem a Portugal deverão, com urgência, ler uma obra fundamental de Raymond Aron, a quem, aliás, dedico este artigo.

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Paz e Guerra entre as nações diz, a dada altura, que as relações entre Estados exprimem condutas específicas, guiadas por duas personagens simbólicas: o diplomata e o soldado. Dois símbolos que agem em nome do país que representam, das colectividades que integram. O embaixador no exercício das suas funções representa a unidade política em nome da qual fala; o soldado (o contigente de GNR no Iraque) age no campo de batalha dando a sua vida em defesa dum valor, duma causa.
Mas com a crescente integração dos media na cobertura de eventos bélicos, a figura do repórter ganhou uma dimensão inaudita e, às vezes, bloqueia o processo decisório e fortalece o jogo de forças terroristas que os utilizam como moeda de troca e como forma de desmoralização política para humilhar o Ocidente rico.
Como Aron também era jornalista, mas antes disso era um sociólogo, um historiador e um mestre do seu tempo, não é difícil saber o que pensaria daqueles devaneios que, regra geral, sucumbem às consequências da utilização da violência explicada por Max Weber (que o influenciou). Até o próprio Henry Kissinger admitiu que Aron foi o intelectual que mais o influenciou. Aron, por seu turno, foi discípulo de Weber, mas os nossos repórteres de guerra (com excepção de Carlos Fino, Paulo Camacho e alguns outros), provavelmente, só ouviram falar de um deles porque foi Secretário de Estado durante anos e exerceu um tremendo fascínio sobre as mulheres a quem dizia que o poder era o maior dos afrodisíacos.
De facto, fico abismado com a impreparação cultural e “política” de alguns repórteres que pensam que uma imagem vale tudo, até a glória da imortalidade. Por certo, não o fazem por mal mas porque desconhecem uma lei sociológica básica: as relações internacionais, especialmente em contexto de terrorismo global, apresentam um traço original que as distingue de todas as outras relações sociais: desenvolvem-se à sombra da guerra. A necessidade de mundiólogos e a desconstrução perspectivista do Curso de RI de Adelino Maltez actualiza essa problemática.
É a falta deste common sense que exige a leitura do principal teórico europeu da escola clássica de teoria das relações internacionais (TRI). Aí poderão ver a sua filiação em Clausewitz, seu maître à penser.
Enquanto não tivermos uma comunidade de inteligência verdadeiramente eficaz no combate ao terrorismo global, sobretudo quando os operacionais da Al-Qaeda deambulam nas zonas tribais do Paquistão, das Filipinas, da Tchetchénia (onde quer que haja uma linha de fractura entre muçulmanos e não muçulmanos), podemos sonhar com as maravilhas da tecnologia.
Refiro-me à possibilidade de um consumidor entrar numa loja e ser imediatamente identificado através do padrão da íris ou da impressão digital. Em que a máquina cumprimenta-o e sugere-lhe a compra de alguns produtos. O cenário já foi utilizado em filmes futuristas, como Minority Report. Ora é desta associação da biometria (identificação automática dos indivíduos através duma característica física vox, íris, palma da mão, odor, ADN) que as forças do bem precisam para combater os génios invisíveis do mal na polis global. São esses sistemas biométricos que devem associar-se a soluções de segurança para prevenir ataques terroristas de toda a ordem.

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