domingo

Origem do mal em Política

Sabemos que quem melhor estudou o mal foi Stº Agostinho. Argumentou que a presença do mal no Universo é causado directamente pela liberdade de escolha de criaturas de Deus e não pela escolha directa de Deus. Quando há dois anos o então PM decidiu abandonar o país e ir para Bruxelas estava a cometer um dos maiores crimes políticos do post-25 de Abril. Ele sabia-o, o povo - que ele julga ser estúpido - também. Veremos se lhe perdoa... Mas muitos decidem continuar a fazer o mal em vez de permanecerem firmes na escolha do bem público (entenda-se). E em 2004 - o mal foi a instabilidade que se gerou na sequência imediata da ambição desmedida de Durão - que deixou Portugal entregue a um néscio da política sem a mínima preparação técnica e humana para o pilotar. Mas este problema colocado a Portugal pelo "transmontano" de Bruxelas (raízes que ele por vezes evoca) vai muito para lá da política, ele atinge a tal metafísica, que está sempre na essência das coisas. Voltamos à questão de partida: donde vem o mal, se o bom Deus fez tudo bom? Qual é a origem do mal? Será que a matéria que ele usou para fazer as coisas era maligna, em algum aspecto? Se Deus lhe deu uma forma e uma ordem, será que deixou nela algo de menos bom que não conseguiu converter em bem? Se sim, por quê? E é aqui que nasce uma explicação para a origem de todo o mal, e não só aplicada ao caso vertente. Quer dizer, Deus foi incapaz de transformar toda a matéria de modo que nenhum mal subsistisse, apesar de Deus ser omnipotente. Para Stº Agostinho - o mal no mundo não pode ser atribuído a uma matéria defeituosa, pois ela não é má de per si, dado que também goza da sua fonte no Deus de bondade absoluta, Criador do Universo. Embora eu creia que nessa jogada, infinitamente complexa, Portugal e alguns maoistas rapidamente convertidos ao neoliberalismo fabricado pelas regras do Consenso de Washington - não entraram no cálculo divino... E como algo saíu fora do molde nesse processo de montagem, como diria Umberto Eco, sobrou o mal em Política - acrescento eu.
  • Este post é dedicado a todos os ambiciosos que são consumidos pelas chamas da gula e da própria soberba que os escraviza. A todos aqueles que dentro e fora de Portugal só deixaram um traço de mediania, de cobiça do poder pelo poder, pela ânsia de estatuto, de privilégios e de inúmeros confortos. Para estes também teremos de ser magnânimes e perdoar-lhes dando-lhes com a Biblía na cabeça várias vezes até acordarem e reconhecerem, ao menos uma vez na vida, os terríveis erros que causaram à polis que os projectou.