sábado

Algumas perguntinhas a Noam Chomsky

Confesso que há um aldo intelectual com que me identifico em Noam Chomosky: o lado do questionamento, da perplexidade, do equacionar tudo no mundo que se constroi e reconstroi diariamente. Isso é salutar no plano intelectual, científico e filosófico ou metafísico, se quisermos. Contudo, achamos que Noam é um faccioso, porque não consegue olhar para o mundo usando os mesmos critérios refinados e justicialistas que severamente aplica (só) ao imperialismo norte-americano. Ora, isto é histórica e filosóficamente errado.
  • Acaba, pois, por desenvolver um pensamento parcial, apesar de sólido. Fragmentado, apesar de original. Ele é capaz de desancar nos métodos neocoloniais e neoimperialistas dos EUA no mundo, mormente no Médio e Próximo Oriente, e depois, de forma hipócrita e cega ocultar as barbaridades que se escondem sob as ditaduras cubana e sul-americanas em geral, especializadas em corrupção e intervenções abusivas do Estado na economia. Chomsky é capaz de elencar os actos de agressão directa, subversão e terror dos EUA junto de países adversários e omitir as atricidades cometidas à sombra das ditaduras sul-americanas, africanas e asiáticas. Tem dois pesos e duas medidas.. Isto é fatal num filósofo. Perde credibilidade, e até pode ser acusado de louco e farsante pelos seus pares...
  • O que é que este sui generis filósofo da linguagem e da gramática (de)generativa pensou ou escreveu sobre os ditadores Noriega, Duvalier, Mobutu, Trujillo, Marcos, Sadam Hussein ou mesmo Eduardo dos santos em Angola??? Talvez os tenha suavemente criticado, mas de forma pouco legível e com fraca repercussão mundial. Ora isto para um filósofo da linguagem é, no mínimo, estranho. Nuns casos fala para a vitrine do mundo, cujas teses são universalmente conhecidas; noutros casos fala para a pia ou para o seu próprio bidé em horas de maior intimidade e de higiéne pessoal.
  • É óbvio que Noam tem um problema psicopolítico com a América, é como aquele miúdo que quer matar o pai para se meter na cama com a mãe. Isto sucede a todas as crianças, depois sobrevém a puberdade e esse instinto sexual/maternal de possuir a mãe - diluí-se naturalmente. Sucede, porém, que no caso de Chomsky isso ainda não lhe passou: ele anda, de facto, ainda metido com a mãe: uma certa América. E é pena, porque não é mau a pensar. Provavelmente, isto ficou-lhe do tempo do Vietnam, do Cambodja e dum conjunto de atrocidades que os EUA praticaram no Extremo Oriente, e pagaram por isso.
  • Se durante anos, o pretexto para que os EUA intervissem no mundo era o medo do comunismo soviético (altamente expansionista e conversor), hoje o sr. Noam Chomosky também não pode justificar todos os seus pensamento, raciocínios, equações mentais, conjecturas, hióteses e enunciados - já que ele é acima de tudo um filósofo da linguagem - com base na sua visão parcelar do mundo, emprestando só aos EUA o cunho da besta negra isentando todos os outros desse estigma.
  • Arriscamo-nos mesmo a dizer que se o sr. Noam não flexibilizar o seu pensamento sobre a história política contemporânea, mormente depois do 11 de Setembro, poderá ficar estagnado na história e da evolução do pensamento social e político. E depois terá mesmo de ser empurrado com aquelas ajudas do Presidente Hugo Chável a partir da Assembleia Geral da ONU... que fez com as vendas do seu livro disparassem.
  • Aposto que sobre o terrorismo Noam é capaz de dar as mesmas leituras básicas que o dr. Soares... Bem sei que isto é uma terrível injustiça para Chomsky... E nós cremos que não há nada de pior para um filósofo do que ser considerado morto ainda antes de morrer. É certo que os EUA são uma "bela peça": na utilização das finanças, da força, da cooperação selectiva, da aplicação e interpretação do direito internacional e dos contratos internacionais, no âmbito das negociações da OMC, na generalidade dos fora internacionais, etc ...
  • Mas se Noam Chomosky quiser ter alguma credibilidade terá de resolver aquele problema psicoemocional que tem com a América do Vietnam que levou muitos soldados à loucura e até ao suicídio... Noam terá de desfazer esse nó, sob pena de trilhar caminhos irracionais e até vingativos que fazem com as suas lúcidas leituras do mundo e da história sejam segmentados e, nesse caso, e como filósofo, o serviço que Noam presta à Humanidade é o de lançar mais sombras do que clareiras, e isso não é bom para um pensador, mesmo do III milénio.
  • Dito isto, ele terá, por acréscimo, que rever as suas noções de anarca, porque sê-lo há 30 anos não é bem a mesma coisa do que o ser hoje. Nesse intermezzo o mundo mudou, e nessa mudança irromperam muitos outros imperalismos e fundamentalismos - entre muitas outras bestas negras - que escapam às fronteiras da América - que parece afligir este hermeneuta...