Interpretação do mundo via blogosfera
Mas a blogosfera - alguma dela - (óbviamente!!) - continua a contribuir para alargar os horizontes, e é desse instrumento poderoso que aqui me reporto, o qual reflecte actualmente a entidade mais madura da Internet.
- 1) Uma interpretação do mundo como se ele fosse feito de melodramas e desgraças recorrentes ao estilo de Cassandra;
- 3) E uma interpretação do mundo como se ele fosse narrado por aquele vendedor de seguros (ou agente bancário que quer é vender produtos financeiros (como quem vende tremoços) ao balcão prometendo o paraíso na terra e omitindo a informação principal), i.é, sem ter em linha de conta que as probabilidades de acontecerem factos desagradáveis podem existir.
- Julgo que se o analista tiver em linha de conta estas três possíveis leituras do mundo moderno poderá diminuir grandemente as zonas de incerteza que hoje continuam a tolher e a ofuscar a nossa análise. Tanto mais que os media têm um tempo de acção mais lento, logo - aparentemente - mais adequado ao relato dessa velocidade dos factos do mundo moderno. O problema é que a velocidade é já tanta que os media na ânsia de estar sempre na frente e de combater a concorrência (que pensa o mesmo) acerca da apreensão dos factos geradores de notícias - também não conseguem entender a tal complexidade dos fenómenos sociais, económicos e políticos do mundo do nosso tempo.
- O resultado de toda essa baralhação é o recurso a uma daquelas três leituras ou chaves de interpretação do mundo, se bem que - vezes há - em que aplicamos as três simultaneamente, ainda que não nos demos conta disso...
- Post dedicado aos bons blogers que analisam o mundo moderno com cabeça, tronco e membros. Neste role é óbvio que ficam de fora aqueles jornalistas receosos que pouco ou nada sabem o que fazer com a web, embora a usem desde 1995. Mas o mais triste, até por conveniência de argumento ligado à própria sobrevivência pessoal, é que os profissionais da informação acham que o blogging é uma actividade trivial e fazem tudo para o pôr de parte, ao estilo dum rumor ou dum boato... Talvez por essa razão é que nunca vi nos grandes media nacionais um bom artigo ou reflexão sobre a blogosfera de qualidade que já para aí vai dando cartas. O Jumento - como sabemos - é uma dessas referências democráticas da blogosfera - que além de muito abrangente e de tratar os assuntos com certo grau de profundidade (com humor e ironia à mistura) - observa também um código deontológico - que seria útil os próprios jornais respeitarem. Portanto, essas reflexões existem sim, mas provém de bloggers que sabem pensar o mundo contemporâneo, e alguns são tão bons quanto mais anónimos ficarem. Neste caso o anónimato visa não o ataque soez a pessoas e/ou a instituições, mas o apuramento da qualidade analítica no tratamento das matérias. Também aqui impera a lei da sobrevivência e ninguém gosta de perder, portanto a conduta institucionalizada dos tais agentes de poltrona - é uns omitirem os outros pensando, assim, que intelectualmente os "matam" ou neutralizam nessa roda dentada que é o viver até morrer. Ignorando esses chefes antigos de poltronas velhas que são pequenos demais para dar lições a quem quer que seja, muito menos a certos bloggers que há muito já rasgaram as sebentas por que aprenderam.
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