Entrevista a Herman José: o maior humorista português numa entrevista-kodac
- Herman José tem proposta do Brasil Quero um final digno e pujante Aos cinquenta anos, Herman José atravessa uma fase decisiva da sua carreira. O ‘talk show’ ‘Herman SIC’, no ar desde 2000, não agarra as audiências dos primeiros anos – razão pela qual deverá terminar até Dezembro – e o contrato com a estação de Carnaxide será renegociado depois das férias de Verão
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Nota prévia:
Sem ser erudito esta entrevista de Herman José revela assinaláveis conhecimentos e vivências da sociedade consumista em que vivemos. Herman sabe que o império soberano é o da opinião pública, é ele o "Kapital" que faz as revoluções nas massas de telespectadores e que pressionam - de forma quase totalitária - o espírito individual - a fim de obrigar as pessoas a gostarem todas do mesmo à mesma hora. Isto é aviltante..., por nos roubar o que de melhor temos no cérebro. Aquele exemplo da "sopa de legumes" e das pizzas é representativo da nossa civilização, pois sabemos que entre uma sopa de legumes e uma piza aquela é incomensuravemente melhor, ainda assim decidimos bater com a cabeça na parede... Não porque não existam pizas excepcionais - melhores do que muitas sopas - mas por causa da tal imensa pressão do esprit colectivo sobre a inteligência de cada um. No fundo, e creio que também é isso que o humorista nos diz, o indivíduo está pronto a reconhecer que não tem razão, quando o maior número o afirma. E eu pergunto: e se o maior número estiver errado??? Vejamos, pois, a entrevista, que até diz mais do que Herman pensa que ela diz... Apesar de também sermos capazes de reconhecer que a política de convites que o artista tem desenvolvido ao longo dos anos é tendenciosa e a sua imagem e aos casos a que a sua reputação está ligada - também não ajudem. Mas cada um é como cada qual: uns gostam de Ferrari pela frente, outros gostam de expresso do Oriente à rectaguarda, mas o que retenho é, de facto, esse reconhecimento de que a massa da opinião esmaga, é ela o guia que (parece) restar à opinião individual dos povos que - alienadamente - consome pizas on tv.
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- Porque é que o ‘Herman SIC’ continua a ser o único ‘talk show’ do género nas televisões generalistas portuguesas?
- Somos orgulhosamente os últimos sobreviventes duma época em que o ‘prime time’ não estava subjugado à monocultura das novelas e das adaptações de produtos internacionais. A sobrevivência deve-se à nossa persistência e à inteligência dos nossos empregadores, que nos têm apoiado incondicional e militantemente.
- Essa lacuna é uma opção dos canais?
- É muito difícil combater ficção e ‘reality shows’ com entrevistas, música, humor, e cócegas na inteligência. Vivemos numa época em que as pizas se vendem muito melhor do que a sopa de legumes. Pessoalmente acho que, desde que o queijo e as matérias-primas sejam de qualidade, ambas são importantes numa alimentação equilibrada e passíveis de co-existência. Mesmo que a sopa de legumes dê menos lucro do que as pizas [risos]
- Julga que há falta de apresentadores com o perfil indicado para o formato?
- Não acho que Portugal tenha défice de talentos. Há muita gente culta, divertida, ágil e atraente a fazer televisão. Se o nosso mercado não fosse microscópico, não duvido que haveria muitos mais ‘talk shows’ em horário nobre.
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