sexta-feira

Ultra-refinando

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  • - Ultra-refinando as palavras do ministro do BES e também do governo - Manuel de Pinho e as do empresário Patrick Monteiro de Barros - fica-se com duas sensações e algumas questões. Vamos, pois, às sensações para depois irmos às questões:
  • - Manel e Pinho, a dada altura, ficou apertado, temerato e teve receio de esgotar as verbas dos fundos estruturais para não comprometer os demais programas até ao fim da legislatura e pensou: se eu distribuo já o carcanhol depois não temos mais para distribuir e ainda perdemos as eleições. O medo e o pânico instalaram-se no ministério do vil metal, e com medo um homem é pior do que um lobo e até é capaz de dar o dito por não dito e dizer que o céu é verde e laranja.
  • - Patrick Monteiro de Barros, por seu turno, queria vender não gato por lebre mas levre por lebre. Falou numa "nuvem de fumo".. Ora é a coberto dela que me pergunto quantas e quantas vezes as grandes obras públicas, de valor infra-estruturante para a economia nacional, não aumentam os seus budgets inicialmente estimados? Quem já ouviu falar nas derrapagens... Quanto custou o CCB ao tempo de Cavaco? O seu valor era um inicialmente um mas depois foi outro. E a Ponte Vasco da Gama? Aliás, conhece-se alguma grande obra que a meio não tenha de fazer ajustamentos naquilo que foi inicialmente orçamentado? Nem uma.Se nós soubessemos o que o governo faz (ou cede) às multinacionais para não deslocalizarem no quadro desta globalização predatória até punhamos as mãos na cabeça. O problema é que qualquer já nem temos nem mãos nem cabeça... Especialmente, se arrastarmos a decisão de equacionar as alternativas económicas ao outro negro. Infelizmente, o vinho do Porto ainda não faz locomover carros e aviões... Mas um dia, sob uma grande bebedeira, talvez algum cientista do alto daquelas encostas anuncie um milagre ao mundo. Some day, some day... Bloody day
  • - Afinal, o crime reside na falta de coragem, na determinação, no receio que a dado momento se instalou no secretário de Estado, no ministro e foi essa energia negativa que ambos depois transmitiram a Sócrates. A coisa só não merece investigação mais apurada porque depois terminaria tudo em segredo de justiça, e ainda era pior a emenda que o soneto.Sobretudo com as capacidades conhecidas deste Procurador-Geral da Repúbica, versão demodé da Pantera-Côr-de Rosa que também já se arrasta no cargo há séculos. E o mais curioso é que ninguém o demite, neste país de frouxos e de impotentes.
  • - Agora, como diria o outro - "agarramo-nos ao pau" - que é como quem diz, aos outros investidores no sector energético que o sr. Pinho tem em carteira. Ele ou a API. Estou, confesso, muito curioso para ver a qualidade da pele dessa carteira. Veremos se não se trata de pele de crocodilo... Mas o mais gritante em tudo isto nem foi o carácter temerato que a certa altura assaltou Pinho e o governo. O mais grave é a falta de rumo, de estratégia para a nação em matéria energética. Trocando por miúdos: este episódio reflecte uma certa maneira de ser do português. Enebriado de início, com fogetório, palmas, champagne e muitas vivas mas depois esmorecemos, murchamos trombudos com os olhos colados ao chão. Este episódio foi, lamentavelmente, a mais pura manifestação duma ejaculação precoce em política.
  • - Hoje, quando penso neste episódio com o sr. manel de Pinho lá dentro, não posso deixar de evocar algumas cenas passadas nos filmes do Woody Allen - quando ele está naquele ponto de rebuçado para satisfazer a mulher com está - lembra-se de ir à estante buscar a enciclopédia para ver o sinónimo da palavra erecção e depois disserta meia hora sobre o tema com a mulher angustiada a olhar para ele...
  • - Pois foi isso que faltou ao ministro e à globalidade do governo para tocar para a frente este elefante que poderia ter a velocidade da lebre. Agora, sem investimento nem promessa dele, é que temos mesmo um elefante branco (ou negro) e com o petróleo a aumentar a esta cadência até dá vontade de pedir a enciclopédia ao Woody Allen e espetá-la na cabeça medrosa do sr. Pinho.
  • - Qualquer dia não me admiraria nada que - quando o petróleo voltasse a subir - ou seja, todos os dias, os responsáveis pela área da economia nacional marquem uma conferência de imprensa alí no Hotel Altis e digam, pela vox do ex-quadro do BES - urbi et orbi - que os preços do barril do petróleo estão a disparar por causa duma conspiração entre o empresário Patrick M. de Barros, Angola e a Opep.
  • - É nesse instante que um jornalista pergunta ao sr. Pinho: se ele acredita mesmo que o céu é verde e laranja...

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