quinta-feira

Maldades de Borges

Como é sabido a Argentina é um país belo. Com belas mulheres, belo futebol, bela comida, belo... Mas o belo aqui radica em algumas pequenas maldades de Borges. Por exemplo, admitia que qualquer pessoa o entrevistasse. E nesse contexto uma vez disse:
Tens razão, mas o rapaz conversou muito comigo e passadas duas horas esqueci-me que era jornalista e confundi-o com uma pessoa civilizada.
  • - Noutra passagem, a propósito de repetidamente ficar adiada a atribuição do Nobel da literatura, Borges ironizava. Parece até que havia um senhor, com influência nesse sector que dizia que enquanto fosse vivo o Borges nunca seria nobilizado. Aqui Borges lembra (me) Vergílio Ferreira, até na palidez com que rasgavam o vento. Mas Borges, em 1978, ironizou com a questão do prémio aludindo, precisamente, a essa não atribuição.
  • E então dizia que o Nobel já fazia fazia parte de uma tradição, e que, como ele amava tudo o que era escandinavo, era uma honra fazer parte dessa tradição. Relativamente ao então autor nobilizado rematou assim: Como sempre escrevi sobre o desconhecido, vou tomar a liberdade de escrever sobre o último Nobel. Espero não me equivocar. Creio que o seu nome é Singer. Realmente, é um senhor tão desconhecido que é possível que até seja um bom escritor. Mas não me parece. Sei que escreve unicamente em iídiche, que é um idioma moribundo.Uma espécie de alemão arcaico que tende a desaparecer.
Esperemos, agora, que quer os jornalistas (só alguns deles, certamente!) e o nobel saramago (todo ele) não se indisponham com a memória de Borges. Pois nem tudo é para levar à letra. Por mim, nem quero imaginar o diria hoje de uns e de outro caso Borges estivesse ainda entre nós...
  • Em homenagem à Obra e memória de J.L.Borges