sexta-feira

Baixa do petróleo, again...

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O petróleo segue hoje a desvalorizar pela quarta sessão consecutiva em Nova Iorque e em Londres com o mercado receoso que os bancos centrais europeus sufoquem as economias com subidas de juros depois de ontem o Banco Central Europeu ter novamente aumentado a sua taxa de juro de referência. O crude deslizava 0,50% para os 70 dólares enquanto o «brent», transaccionado em Londres perdia 0,43% para os 68,75 dólares. O petróleo e outras «commodities» como o ouro e cobre caíram depois de ontem o BCE ter aumentado a sua taxa de juro de referência pela terceira vez consecutiva para os 2,75% e de Jean Claude Trichet ter dado indicações muito claras de que deverá voltar a subir as taxas de juro este ano. Os preços da matéria-prima foram também ontem pressionados depois de ter sido anunciado a morte do líder da Al-Qaeda no Iraque, Abu Musab al-Zarqawi. «A morte de al-Zarqawi está a ser interpretada como um sinal de que a produção no Iraque tem agora uma maior probabilidade de crescer», segundo a analista Deborah White da Société Générale, em declarações à agência Bloomberg. Image Hosted by ImageShack.us Outro factor que esteve a fazer cair os preços do petróleo esta semana é o facto de o Irão ter mostrado disponibilidade para estudar um pacote de incentivos diplomáticos, comerciais e tecnológicos, para que o país suspenda o seu programa nuclear. O Irão tem até ao fim do mês para dizer se aceita as contrapartidas.
  • Obs: o ideal seria que sempre que os preços do petróleo baixassem as taxas de juro também acompanhassem essa tendência por forma a que os milhares de pessoas nas sociedades europeias pagassem o dinheiro mais barato. Isto leva-nos a questão epistemológica interessante, que consiste em saber como se relacionam os valores económicos com outros tipos de valores.
  • - Também aqui não há uma resposta unívova e universal válida por tempo indeterminado. Neste momento, o que podemos afirmar é que os valores económicas embora importantes não são preponderantes, i.é, não são eles que, no limite, determinam a direcção das sociedades embora ajudem a sustentá-las.
  • - Em rigor, os valores económicos apenas exprimem o que um participante individual do mercado está disposto a pagar a outro por algo em troca livre. Ontem, com o reconhecimento da morte daquele terrorista - Al Zarqawi - tivémos uma ilustração prática de como cada participante - mas também o mercado no seu conjunto - representa um centro de lucro orientado para a maximização dos lucros políticos, sociais e até civilizacionais do Ocidente - onde se defende a Liberdade e a Vida, mau grado muitas outras exclusões de que vamos padecendo, tal como nas sociedades islâmicas inseridas noutro conjunto civilizacional.
  • - Em suma: a economia é uma peça importante na estruturação dos comportamentos das sociedades, mas este epifenómeno veio revelar que, afinal, devem existir alguns valores diferentes que, efectivamente, actuem no sentido de sustentar a sociedade e, desse modo, o padrão de vida humana no Ocidente e também noutras regiões culturais. Só foi pena que as taxas de juro e o valor do dinheiro decorrente dos empréstimos, não tenham sofrido também um bonús.
  • - Qualquer dia há um milagre dos céus e começa a chover ouro, pérolas e diamantes e depois o euro e o dólar desvalorizam-se de tal forma que só o regresso ao velho escambo reorganizará toda a economia mundial. Seria o regresso à troca de feijões por batatas, milho por arroz, vacas por porcos, porcos por carneiros e o mais. O problema é quando vamos para os países do magreb. Em Marrocos, por exemplo, até chegam a ofender os povos do Ocidente quando os indígenas pretendem fazer negócio com estes, oferecendo dois ou três camelos para ficarem com as nossas mulheres. É óbvio que em certas situações, não sei se a maior parte delas, tal transação constituiria um tremendo alívio para os respectivos maridos.
  • E no outro dia, numa simples festa (pública) de província, ouvi um cigano oferecer uns burros e uns cavalos por uma mulher ao respectivo cônjuje. Fê-lo com tanta convicção como se estivesse a vender umas jeans na Feira de Carcavelos - que até acreditei que qualquer dia chove mesmo pérolas, diamantes e ouro dos céus.