Uma questão de honra. O exemplo de Joe Bonanno e os altos serviços do Jumento à República
Este é Joseph Bonanno, mais conhecido como Joe Bonanno. A dada altura, porque não cabia em si de orgulho com a personalidade e honra que tinha, decide escrever a sua própria autobiografia e dá o documento à estampa com o título: A Man of Honour: The Autobiography of Joseph Bonanno, 1983.
Nesse ano, em 1983, andava eu no liceu a fingir que estudava, mas já então conseguia distinguir um pássaro de outro, um Fiat dum Porsche, um limão duma laranja, um padre dum teólogo, um mafioso du cardeal, um político dum estadista e o mais. Na altura, só não conseguia distinguir duas moscas gémeas, mas isso era porque voavam sempre na mesma direcção. Mas sabia que o princípio do full-contact foi importado no comportamento físico do luva-a-deus...
Vejamos como o "nosso" homem se autodefine e, ao mesmo tempo, espelha o contexto de toda a família:
O nosso estilo de vida estava centrado na Família. Uma Família (com F grande, para a distinguir dos parentes mais chegados), na acepção do termo, é um grupo de pessoas, amigos aliados, bem como parentes de sangue, unidos pela confiança uns nos outros. Independentemente das suas actividades individuais variadas, os membros da Família apoiam-se uns aos outros, de todas as formas que podem, com vista a prosperarem e evitarem qualquer dano.
A Man of Honour: The Autobiography of Joe Bonanno.
Comentário:
Joe era, de facto, um contrabandista de bebidas alcoólicas, como toda a gente naquela altura, nas horas vaga era pistoleiro, agiota e extorsionário. Era, pois, um Don da Máfia. E o mais curioso, motivo pelo qual postamos este blog, é que Joe sempre pensou em si mesmo principalmente como um homem de honra, um homem para quem a tradição tinha toda a importância, cujo bom nome e reputação vinham antes de tudo. Há mesmo quem diga que Bonanno foi o homem que serviu de modelo a Mario Puzo quando este escreveu o Don Corleone no romance que teve o êxito que sabemos e deu pelo nome O Padrinho. Hoje, por acaso, foi apanhado outro "bem-feitor" à muito procurado pela polícia italiana. No fundo, e este é o diamante que aqui desejaria deixar, Bonanno personifica tudo aquilo que é inesquecível na doutrina da Máfia, e, por outro aldo, resume bem aquilo que significava pertencer à Cosa Nostra. Estamos quase na páscoa e achámos útil começar a pôr estes ovos. Quem mais se lembraria, se não fosse ingénuo, de compulsar aqui a honra com Bonanno. .
PS (o outro): Todas as congregações têm o seu papa; o seu cardeal, o seu bispo. Todo o povo também encontra a sua miséria no leito ao final do dia. O BE também tem o seu icon, o que não deixa de ser uma heresia. Mas isto remete-nos para uma outra questão que releva para o serviço público. Diria mais: os altos serviços públicos que diáriamente o Jumento presta ao ciber-país que o consulta, que o lê, que o medita ou, simplesmente, que faz isso tudo e hipócritamente não deixa rasto. Desconfiamos que tem em gestação uma sequência de takes que retratam o nosso mundinho hiper-mafioso. Do futebol à política, do pato-bravismo às autarquias. Tudo num serviço público gratuito. Repito: o Jumento faz, diáriamente, mais e melhor do que uma redação inteira de jornalistas e, ainda por cima, o faz gratuitamente. É caso para dizer onde Sampaio andava com a cabeça quando estava a distribuir as medalhas da República...
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