Gratitude
- Até o meu Q. Tio que chegou agora e deixou um belo comentário, como tudo o que flui daquela cabeça brilhante aos 67 anos, mais parece um "puto" na casa dos 40, disfrutando hoje dum blog que dá que pensar, o Memórias Futuras. Para ti, se tiveres a paciência de ler estes textos, recebe aquele abraço fraterno que já conheces, embora não o sintas há umas semanas, que têm agora de ser transpostas a pretexto duma jogatana de ténis aí para Santarém.. Que dizes.. Vai preparando as redes, porque eu já estou "calçando" raquetes nos pés...
- Mas uma pergunta mais densa fica no ar: para quê tudo isto?
- 1) Permitir-nos dar um retrato ideal e, simultaneamente, realista do nosso tempo e do que se passa na nossa polis;
- 2) Retratar alguns temas sociais e políticos mais candentes que remetem para o interesse comum, e aí serem esgrimidos na prática da discussão desinteressada - senão na busca da Verdade - que é sempre uma convenção entre os homens e que vai mudando com o tempo. "Uma verdade é um erro a aguardar vez", como diria o V. Ferreira - que provavelmente foi beber isto ao Pascal ou ao Montai...
- 3) Aprofundar a racionalidade do jogo de perguntas e respostas e, sempre que possível, apresentar um pensamento, uma ideia sólida que dure no tempo e no espaço. Ou seja, algo que não seja consumido pela banalidade do quotidiano .
Tal o nosso objectivo de abrirmos aqui a antena neste jogo de significações mais ou menos dramáticas que crescem no fluir do tempo. É óbvio que a razão é importante nestas construções e buscas da verdade mas a imaginação, que é uma outra forma de razão, também é necessária para dar cor à palete de fenómenos que queremos aqui analisar dialécticamente. Sem pretensões, mas com a maior inteligibilidade possível. E uma crença tremenda no valor da tal discussão racional que também pode ser Imaginada. Quer dizer, também a imaginação poderá ser racionalizada, já que a razão não raro é imaginada de forma muito intuitiva. Parece um jogo de palavras, mas não é.
- Ao fim e ao cabo, as ideias e o pensamento evoluem, transformam-se e modelam-se neste curso da conversação. Por vezes é uma conversação monodialogada e alimentada num debate que nunca tem fim. Só a vida (corpórea) tem fim. E Sócrates, o filósofo, morreu por essa Verdade, foi uma espécie de 2º "Deus" que viveu como pensou sem curar das consequências dessa coerência. Admiramo-lo por muitas outras razões, mas por essa também.
- E o pouco que sabemos devêmo-lo a esse grande e eterno mestre do invisível que está sempre presente naquilo que penso, digo e faço, ou julgo que penso, digo e faço - se é que faço alguma dessas coisas. Essa gratidão e atitude vão também para Ele, o 2º Deus depois de Cristo - que nos legou um método cristalino. O método dos métodos a que nós aqui, à falta de melhor definição, poderíamos designar por dialéctica da gratitude.
- Há, contudo, um problema: parece-me que hoje a Verdade é mais invisível, está mais oculta. Não apenas pela multiplicação dos factores que concorrem para essa ocultação, e que são de variada ordem, como também pela intensificação dos vested interests que vivem da simulação e da dissimulação, que usam e abusam do simulacro a fim de capitalizarem poderes ou capitais simbólicos para, desse modo, aumentarem a eficiência e eficâcia das suas estratégias e objectivos. Daí a dificuldade dessa procura. Muito embora a Verdade seja sempre uma busca e uma construção e também uma convenção, pelo menos enquanto os homens quiserem. Depois, outros homens virão e outras verdades terão de ser construídas pelas candeias desse novo tempo.
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