O Enigma dos céus ou os mistérios da nossa ignorância...

Tenho para mim dois grandes mistérios. A vida para além da morte e os Ovnis. Dissertar sobre aquela é uma tarefa complexa e penosa, tamanha é a minha ignorância sobre o que poderá estar do lado de lado. Por isso, prefiro ficar do lado de cá, esperando, pacificamente que alguém me dê um sinal de partida ou de chegada que ajude a compreender esse transcendente, como diria o filósofo racionalista, I. Kant. O tal que era tão certo e regular que os relógios acertavam os ponteiros à sua passagem pela Catedral. Os ovnis também me confrontam com a míngua de conhecimentos, de experiência mas sempre representam no meu imaginário algo de mais exótico, sedutor, é um risco que apetece correr se um dia um daqueles seres de metro e meio nos abordar em Carnaxide e nos perguntar as horas. E depois convidar-nos para uma voltinha a Cascais - de ida e volta - em 4 segundos: dois para lá, dois para cá. Com esses seres, que julgo mais sofisticados do que a nossa raça, não há limite e a aventura seria, porventura, superior a um qualquer Paris-Dakar, cheio de pó, poeira e barulho. Ora é sobre essas aparições que o texto infra nos fala. Com toda a minha curiosidade, com toda a minha ignorância, com toda a minha esperança de, um dia, poder convidar um desses bichos e perguntar-lhe: afinal, como é que te chamas!? E depois, se ele/a não desaparecesse num ápice, ainda lhe perguntaria: onde é que estavas no 25 de Abril? E, por extensão, aproveitaria a bondade da criatura para saber, afinal, se no céu, e áquelas velocidades da luz, também se fazem revoluções... Bom, enquanto esse raio de mistério não se abate sobre a minha cabeça, deixo aqui aos meus amigos e amaigas esta parca reflexão. Uma reflexão que teve como ponto de partida um visionamento que, o ano passado por esta, algures no Alentejo, alguém registou algo através duma bela máquina fotográfica. Se a lente não estava suja, lá teremos de voltar ao baú do mistério e desenterrar os enigmas da nossa ignorância. Sempre com a mesma curiosidade, tanta que se transforma numa palpitação, e um dia ainda apanho um torcícolo de tanto olhar para o céu e só apanhar com caganitas de pássaro na tola. E é bem feito, que é para não acreditar nessas tretas. Será!?

• Giordano Bruno no séc. XVI afirmou que tolos são aqueles que não acreditam que há planetas iguais à Terra e habitados por seres vivos. Por isso a Inquisição queimou-o na fogueira. O enigma repete-se porque a 31 de Maio (1 de Junho) de 2004 os céus de Portugal registaram fenómenos inexplicáveis. Já não os podemos atribuir aos monstros nem aos deuses, nem ao desemprego a serpentear na recessão psicadélica da atmosfera alentejana.

• O que terá sido, então? Um flash ou rolamentos esféricos de satélite? Balões bactereológicos, alucinações, rodas de fogo, metal resplandecente, como diria o profeta Ezequiel: Olhei e vi.. (Ez 1, 4-6). Mas o que mais impressiona, é a velocidade, a mutação brusca de direcção, como pratos saltitando na água, qual máquina voadora cujos meios de sustentação e propulsão ultrapassam os nossos conhecimentos. Razão tinha J. Haldane quando dizia que o Universo é mais estranho não só do que pensamos, como do que podemos imaginar.

• E porquê a eleição de Portugal para tais manifestações? Gostarão os marcianos de rock e de futebol? Considero que além da morte a explicação dos Objectos Voadores Não Identificados (OVNIS) é o 2º enigma da Humanidade. Então, como é que a civilização que envia veículos interplanetários consegue vencer as barreiras de ordem técnica que a travessia do Universo suscita? Sendo que a maior é a distância, pois são necessários anos-luz, à velocidade de 300.000 Km/s, para percorrer a distância que nos separa das estrelas mais próximas da nossa Via Láctea (VL).

• Se os terrestres pudessem voar a essas velocidades, uma viagem de uma extremidade à outra da VL, levariam 60.000 anos. Com a vantagem de o tempo passar mais lentamente, segundo a teoria da relatividade de Einstein. Os relógios congelariam os ponteiros a par da diminuição do ritmo cardíaco, pelo que essa viagem se faria no período duma vida a bordo duma nave espacial.

• Esta especulação sugere que os nossos actuais sistemas de propulsão atingiam a velocidade da luz. Contudo, foi sugerido que o próprio Universo poderá fornecer uma saída àquela limitação de espaço e tempo. Carl Sagan discute a hipótese no seu livro Cosmic Connection admitindo a existência duma rede de buracos negros do Universo que funcionariam como um “sistema de vias rápidas” intergaláctico. Tais buracos resultam da morte de estrelas. Assim, um objecto que mergulhe num buraco negro pode viajar através do espaço e do tempo numa federação de sociedades na Galáxia.

• Agora é na Albufeira de Monte Novo (entre Reguengos de Monsaraz e Évora) que “eles” aparecem. Não sendo por causa do vinho, os ovnis podem ser reais, mesmo que a sua origem não seja extraterrestre. Poderão ser visitantes do espaço interior, uma leitura que intrigou o investigador J. Vallée que em Passaporte para Magonia explorou a possibilidade de encontros imediatos e mitos referindo contactos entre seres humanos e duendes, anjos e demónios. Defende que os ovnis através dum sistema de controle manipulam a consciência humana (nela imprimindo imagens) desafiando as leis da física e da aerodinâmica (cujas naves pairam sem esforço e aceleram a grande velocidade).

• O relato de Villas Boas (1957) diz que foi levado por 3 seres para bordo duma nave e despido. Depois tiraram-lhe sangue do queixo e colocaram-no no aposento duma mulher nua com 1, 30 m. altura e grandes olhos azuis oblíquos com quem teve um encontro mais imediato. O médico confirmou depois que este agricultor brasileiro foi sujeito a fortes radiações.

• Muitos de nós já tiveram EI-I, II e III grau. Uma perseguição, um cartão de visita ou mesmo efeitos devastadores arrancando árvores pela raiz ou fundindo talheres no asfalto. Tudo isto já foi relatado sob os céus. Os carros param, as baterias queimam-se, as comunicações interrompem-se.

• Será que esses seres representam uma espécie de realidade paranormal na Terra? Todos se admiram com os ovnis, mas ninguém o faz com as pedras. Talvez seja no conhecido (e não no desconhecido) que está o enigma. Será que não temos um género de mecanismo de defesa (inserido) que só se revela em épocas de extrema tensão social? e uma das suas manifestações poderá ser o fenómeno ovni?

• O maior mistério está em nós, daí a dificuldade de fazer com que uma pedra descubra o mistério de outra, como diria Virgílio Ferreira, que ainda cheguei a conhecer na Bertrand da Av. de Roma, sempre com aquele de poucos amigos, anémico, carrancudo e cabisbaixo... Terá ficado assim por ter avistado algum ovni... Eis um 3º mistério para mim, além da morte e deste que tratei nesta reflexão. Ou será tudo o mesmo?