Portugal a debate: o "lunático" e o "psicólogo"
Portugal SS – (Santana & Sócrates). O "lunático" e o "psicólogo"
Amanhã decorrerá numa televisão perto de si um dos mais aguardados debates políticos do Portugal do III milénio. Confesso, antecipadamente, que pouco ou nada espero dele. E porque não valerá a pena ficar “stressado” espero, ao menos, que nos possamos divertir um pouco. Será uma espécie de contrapartida por pagarmos impostos. Assim, de tempos a tempos, teremos direito ao espectáculo, ao nosso espectáculo, desta feita realizado pelos próprios figurantes da política à portuguesa. Que buscam um papel, um guião, mesmo que escrito por terceiros.
Como o meu blogue tem rosto, ou seja, é subscrito por um nome verdadeiro, estou à vontade para dizer o que partilho com o ciber-leitor. E, desde já, agradeço aos inventores desta “traquitana” tecnotrónica por nos permitirem – a todos – ampliar as nossas ideias como se a tecnologia fosse um banco que faz circular o dinheiro ainda com mais eficiência. Mesmo que em Portugal, não exista uma e outra coisa .. Nem ideias, nem dinheiro.
Afinal, o que podemos esperar do dito debate no melhor do Portugal SS (Santana e Sócrates)?
Antes de dizer ou talhar o perfil do Portugal SS – creio que ambos irão subscrever dois príncipios norteadores do debate:
1) o príncipio da elevação da discussão pública
2) e o seu oposto – valendo, portanto, tudo.
Afirmado o método da educação - seguido da ofensa torpe, já podemos alinhar algumas notas avulsas relativamente a estes dois contendores que chegaram, até, a militar no mesmo partido. Presumo mesmo que ambos se dizem admiradores de Sá Carneiro. Só que um fá-lo no cemitério, com câmaras de TV a filmar; o outro, porventura, será mais recatado e educado.
Julgo tratar-se de duas personalidades distintas, que representam diferentes inclinações, talentos e maneiras de pensar.
Lopes, é um artista, um inventor da política. Um designer da palavra que lhe permite orar durante meia hora sem dizer rigorosamente nada. Mas como é uma personalidade profundamente egocêntrica, julga que o mundo só tem existência orbitando em torno do seu umbigo. Assim, poderíamos defini-lo como um “lunático” político, capaz de ver novas oportunidades de negócio, de investimentos, de emprego, crescimento e de desenvolvimento quando o País, na realidade, está falido, desempregado, desmotivado, desconfiado, desmoralizado, etc. Nesta óptica, trata-se dum lunático da política que, conseguindo ver bolas vermelhas no céu, é incapaz de reconhecer que ele, às vezes, é azul. Chamarei a esse tipo de político - lunático - porque é assim que a nova economia o apelida, mas a verdade é que ele mais do que isso, é um sonhador, um visionário e, também, um revolucionário. Talvez o maior depois de Marx.. Sabe, todavia, que fora da política ninguém lhe dá emprego.
E como qualquer revolucionário, é cool, ou seja, tem um apurado sentido estético da vida e do melhor que ela tem. As pessoas, as nossas mães e as mulheres em geral. No fundo, aqueles que um dia nos “deram colo” são, hoje, aquelas que nos puxam as orelhas. Será que puxam...
Mas o prazer dum lunático está sempre associado a algo. Não à descoberta de novos colos, mas à procura de novas possibilidades políticas, à criação de outras opções que nos façam sair do marasmo. Para isso é necessário um intenso trabalho em equipa, muitos congressos, muitas inaugurações, muitas pontes (de papel), muitos apertos de mão e beijos aos ranhosos por esse Portugal profundo. Um Portugal pobre, decadente e andrajoso, que ainda fica mais chocado quando vê aqueles figurantes, todos anafadinhos, aportarem em carros pretos de 12.000 cts - naquelas aldeias do interior. Enfim, é um espectáculo triste e deprimente que nem os lunáticos-revolucionários conseguem ver. Um aconselho: desloquem-se de forma mais discreta, porque a discrição, além dum sinal de educação, é, também, um sinal de credibilidade e solidariedade.
E que dizer de Sócrates neste Portugal SS? Apesar do lunático revelar um traço de criatividade, o país precisa de algo mais. Precisa de uma segunda personalidade, igualmente essencial. É aqui que entre o "afilhado" de Guterres, o engº Sócrates. É um vendedor, até pela boa aparência que tem e pelo bom gosto com que se veste. É o mago das tendências, o consultor que as identifica, enfim, é alguém que localiza as hipóteses no mercado que outros podem querer ter/comprar. Mais estudioso e rigoroso que o lunático, o psicólogo trabalha programadamente e fala como Pentium V. Em todo o caso, não consegue atingir a performance de Guterres, que já está equipado com um chip de 7ª geração - proporcionando-lhe falar sete línguas diferentes em sete minutos, como fez aquando da Presidência da UE na velha FIL, alí à Junqueira.
Sócrates apoia-se mais no ambiente tecnológico (orientado pelas “novas fronteiras”), pois como engenheiro é capaz de dominar as novas tecnologias. Desconfio que é capaz de enviar e receber um mail sem ajuda de terceiros. Ao invés do lunático, que ainda escreve com a velha máquina, quando escreve. Pois ainda tem a velha secretária de Sá Carneiro que lhe bate os textos para os congressos, agora que já não há concursos televisivos nem debates de futebolítica..
Portanto, temos aqui dois verdadeiros actores da política à portuguesa. O lunático e o psicólogo. Um compreende a necessidade de inovar, fazendo a “regionalização"/descentralização virtual, por exemplo com o Ministério da agricultura na Golegã; o outro, compreende os desejos e as necessidades das pessoas, por isso quer criar 150.000 postos de trabalho. Julgo que com a ajuda do Dr. Cadilhe, com a confiança renovada à frente da Agência Portuguesa para o Investimento, que diz envergonhar-se da burocracia empedernida que temos. Este também é um verdadeiro apoiante do tipo-político do lunático.
É face a este cenário, algo caricatural, mas não irrealista, que os tele-espectadores, amanhã, se sentarão no sofá para assistir ao debate entre um lunático e um psicólogo. Com 75% de ofensas, recriminações, auto-vitimizações e o mais; 10% de debate de ideias e projectos – talvez no intervalo -; e os demais 15% são para a jornalista falar e apresentar-se a si própria e aos temas, contando com as interrupções dos copinhos d’agua.
E Portugal, sentado, no sofá, juntamente com os milhões de portugueses que verão o debate, que devem ser certamente inferior ao número de pessoas que viam o Prof. Marcelo na TVi, o que sentirá? Senão uma tremenda alienação que, desde já, antecipo...
Se quiserem comprovar o que acabo de dizer – façam o seguinte teste: pergunte-se ao engº Belmiro de Azevedo ou ao Dr. Ricardo Salgado Espírito Santo - o que estarão a fazer à hora do dito debate…
Aceitam-se apostas...
Nota: as imagens infra traduzem a representação de um excêntrico (sem ofensa para o grande Dalí) e de um psicólogo. Com aquele aprendi que o sono é um monstro apoiado em muletas. E eu gosto muito de Portugal para que esse monstro, na versão alienante, perdure por mais tempo, adiando Portugal. Com o psicólogo aprendi que custa muito defender um partido quando se começou noutro. Como alguém dizia, não se pode ser súbdito de dois senhores sem perda de identidade e até de personalidade política. Sendo certo que se Sá Carneiro fosse vivo - ficaria muito triste por ver a que estado chegou o Estado - conduzido por aqueles figurões - já meio canstrões - que se dizem súbditos do Estado - a que chegámos... Párem de matar o homem, pfv. Ele já sofreu bastante. Ele, a sua memória e a memória dos seus familiares e verdadeiros amigos.
- Enquanto este "PsD" não for agarrado por verdadeiros líderes, como Marcelo ou Marques Mendes, este partido fica cada vez mais partido, a tal ponto de serem os próprios militantes, - com excepção dos caciques locais que querem obsessivamente chegar a deputados, muitos sem saber escrever, - a desertarem. Pensem nisso "jotinhas"... Primeiro aprender; depois então é que se pode "brincar" à política.
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